27 de outubro
Querido diário,
Hoje mostrei o meu diário à Bea (eu digo Bea, porque ela chama-se Beatriz. Se eu escrevesse como pronuncio, dizia Bia, mas assim acho mais fixe e não mudo as letras).
Leu com atenção, porque ela lê sempre do princípio ao fim, em silêncio, se tem de dar a opinião. Depois de ler, disse assim: é fixe, Mariana, mas acho que falas muito da tua mãe, pouco do teu pai e dizes muitas vezes fogo.
Fogo, com isto é que eu não contava. Como ela é minha amiga, eu disse-lhe: Bea, já sabes que a minha mãe tem muita influência sobre mim. Sabes que quando eu nasci, ela já era um bocadito coisa (eu digo coisa quando me custa dizer alguma palavra e não gosto de dizer que a minha mãe já era um bocado velha). Sabes bem que muita gente julga que sou neta da minha mãe. Sempre fomos muito ligadas, mas às vezes sonho que vou para outro país, gosto da ideia ne não me importava de viver sozinha.
A Bea, quando é assim, não interrompe para me deixar falar. Eu por acaso também faço a mesma coisa com ela quando ela precisa. Mas depois disse-me: não sei por que não falas mais do teu pai.
Eu fiquei um bocado calada e expliquei: sabes, porque tenho saudades dele. Gostava que o meu pai ainda estivesse connosco. Eu não falo muito, mas muitas vezes faço coisas mais descansada por saber que ele estaria de acordo comigo. Vivi pouco tempo com o meu pai, mas ele fazia as coisas com tanta força e intensidade que acho que fiquei a saber bem o que ele pensava e pra mim isso também é uma orientação. Se calhar, é por isso que dizem que tenho maturidade, mas eu acho que faço é como ele me ensinou. Menos estudar, é claro, porque, sei lá, o tempo nunca dá, fogo.
Depois disto tudo, diz a Bea: ó Mariana, não te quero chatear, mas escreves tantas vezes fogo. E eu então respondi: Ó Bea, também não se deve exigir que seja tudo às mil maravilhas. Também temos o direito de errar, de dizer algumas coisas que nos vêm à cabeça. Não sou perfeita, nem especialista em linguagem. Fogo.
E depois não me lembro muito bem do que dissemos a seguir. E se não me lembro é porque não foi nada de especial. Mas gostei que ela me tivesse dito isso, porque vi que é mesmo minha amiga e assim posso melhorar e eu gosto disso.
Muitos abracinhos
Mariana
(FOGO) - Palavra de raiz nortenha e que bem aplicas no teu diário.Bea não te esqueças que a Mariana é do Norte! Bjs.
ResponderEliminarE filha de mulher do norte, carago!
ResponderEliminarBeijinho
M.
Ou melhor, "filha" de mulher do norte.
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