3 de outubro
Querido diário,
Hoje é feriado municipal e vou sair com a minha mãe. Ela quer ver umas cadeiras Ainda se fosse comprar ainda se justificava, mas só ver. Fogo. A minha mãe disse-me logo de manhãzinha: Mariana, vais comigo ver umas cadeiras para a nossa casa? Eu já sei que quando a minha mãe faz este tipo de perguntas está a dar-me uma ordem.
Mas eu, no fundo, até gosto de ir, porque vejo coisas engraçadas na rua, acho piada à maneira como as pessoas falam, etc. Por exemplo, olho sempre para a minha mãe quando na loja alguém diz: tem aqui o troco, menina. Depois, a minha mãe diz-me assim: tem algum jeito dizer menina? Já podia ser minha filha. Uma vez, eu disse assim, pensando que estava a ajudar: até podia ser tua neta. Foi quando ouvi pela primeira vez: é pior a emenda do que o soneto.
Quando andamos às compras, ou a “ver”, como a minha mãe diz, a minha mãe diz assim: Mariana, como é bom andares comigo. Andas sempre bem disposta, achas piada às coisas pequeninas, és mesmo boa companhia. Pois é, o que a minha mãe não vê são os meus pensamentos. Até gosto de arejar, de ir lanchar a uma confeitaria, mas o pior é a tortura que já prevejo: Mariana, ainda não corrigiste esta avaliação diagnóstica? Mariana, não passaste a limpo a composição?...
Bem, acabei por não te falar do que se passou na última aula de 6ª f. Pensava que comigo isto nunca iria acontecer. O assunto merece uma página inteira. Pode não parecer importante, mas para mim foi e é. E será?
Até à vista, querido diário
Mariana
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