Querido diário
21 de outubro
Ontem fui ao médico com a minha mãe. De vez em quando lá vou eu, embora não goste nada, depois de ouvir: Mariana, marquei uma consulta para ver se está tudo bem. E estava, acho eu.
Durante a consulta, também houve conversa e sabes do que se falou? De escola. O médico disse assim num momento qualquer: os meus filhos estão no ensino privado porque os professores são mais motivados. E a minha mãe: ai (quando ela disse ai, eu até pensei que lhe estava a dar alguma coisa, mas como estávamos no médico, já era meio caminho andado) senhor doutor, nem diga isso, porque não é verdade. A minha filha anda numa escola pública e lá também há professores muito motivados, assim como há muito bons alunos.
E eu ali calada, cheiinha de vontade de me vir embora, porque não gosto nada de consultórios médicos. Aquele, naquele momento, parecia um gabinete escolar.
E o médico virou-se para mim e perguntou-me: gostas da tua escola, Mariana? E eu: gosto, claro que gosto.
E logo a minha mãe a interromper-me: no particular, os meninos são escolhidinhos a dedo e não acho bem, sobretudo quando há seleção e os pais não pagam nada.
Mas eu acho que o médico queria era ouvir-me a mim e eu disse uma coisa que me andava atravessada, embora fale sempre calmamente: ainda outro dia passei junto de um colégio e estavam muitos alunos a fumar cá fora e a dizer muitos palavrões.
Prontos (a minha setora de português está sempre a dizer para não pôr no plural, mas foge-me), disse-lhe aquilo que eu pensava, porque às vezes as pessoas falam sem saber. Fogo.
Até logo, querido diário. Hoje à noite, se puder, ainda te escrevo outra vez, porque amanhã começa o fim de semana. Superaltamente.
Beijinhos
Mariana
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