22 de outubro
Querido diário,
Disse-te que falava contigo ontem mas não pude. E fico logo com saudades. Eu sou como o meu pai: quando gosto de alguma coisa, entrego-me a isso de alma e coração.
Sabes por que não vim ter contigo? Fui com a Bea a casa da avó dela. Foi altamente. A avó já é bastante velhinha mas está sempre a fazer coisas. Parece a minha avó. Eu até acho que os avós ficam todos muito parecidos.
Quando chegámos, fomos ao quintal e as galinhas andavam lá em liberdade. A avó disse que precisam de andar à solta, nem que seja só um bocadinho, porque nem as galinhas querem estar sempre presas. Eu achei que a avó da Bea sabia muitas coisas e até me apeteceu dar-lhe um beijinho quando ela disse também: os animais são mais parecidos com as pessoas do que muita gente julga.
Outra coisa que achei muito fixe foi ela ter um prato com sementes para os pássaros comerem. Fogo. Eu nunca tinha visto isto. Achei mesmo bem. Deve ser por isso que eles estavam a cantar todos contentes lá no meio das árvores.
E lanchámos também. Parecia Natal. A avó da Bea tinha aletria, rabanadas, pão e marmelada. E chá em garrafas de termos para estar sempre quentinho.
Quem estragou tudo foi a Bea. Disse assim: temos de ir porque tenho de estudar. Pronto. Já tinha de ser. Parecia as minhas irmãs. Parece que sou perseguida por essa frase. A Bea é a minha melhor amiga, mas digo-lhe muitas vezes que é uma desmancha-prazeres. Mas até acho que ela tem razão. Eu é que não consigo ser assim. Nem todos podemos ser iguais, não achas?
Mas fiquei com vontade de ir outra vez a casa da avó da Bea. Eu acho que a gente visita pouco os avós. Deve ser por isso que nos fazem aquela festa toda quando nos vêm. Oh, fogo, até me vieram as lágrimas aos olhos.
Muitos xis apertadinhos
Mariana
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