quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Diário de Mariana

22 de setembro

Querido diário,

Hoje numa aula fiquei sem palavras. A prof de português quer convencer-nos que somos capazes, que escrever é bom e não sei quê. Ela tinha dito na primeira aula: podem escrever textos livres para além dos que vou marcar. Se calhar por isso, hoje, uma rapariga entrou na sala com uma folha na mão e disse logo à setora: ó setora, escrevi um texto, posso lê-lo? A professora disse que primeiro tinham de escrever o sumário. Ficou toda a gente em pulgas porque a rapariga parecia que tinha uma mensagem importante e urgente.

Quando já estava tudo sossegado e de caderno aberto, a prof perguntou: qual é o tema do texto que queres ler? E a minha colega: é o amor. E a setora: eu gosto de ler os textos antes de serem partilhados por toda a turma, sobretudo nesta altura do ano em que ainda não nos conhecemos muito bem. E a rapariga: é setora, o que escrevi é muito especial e não só para mim. Gostava mesmo de ler. E a setora: Está bem, podes lê-lo, então, e espero que seja uma mais-valia para a turma.

É claro que não fixei tudo o que estava escrito, mas ela leu coisas deste tipo numa espécie de carta: “Tu és a melhor coisa da minha vida. És o meu refúgio. Sem ti, a vida não tinha graça nenhuma. Tu és o meu amor. Serás meu e eu serei tua para sempre. Não imaginas como sonho com esse momento contigo ao meu lado. És lindo e fofinho…”

A setora ouvia e via-se que estava mesmo admirada. No final da leitura, disse assim: vejo que estás apaixonada e por isso nem reparaste em alguns erros de concordância. E a rapariga: estou, setora, estou apaixonada e até gostava de dizer por quem. Perto de mim, ouvi um rapaz dizer: que estúpida, vai dizer que gosta do João.

O tal João é um rapaz que está na carteira atrás de mim. Toda a gente olhou para ele e viu que ele estava mais corado do que um tomate. Coitado do moço.

Fogo, que declaração de amor esquisita. Parecia teatro. Será que esta cena se vai passar comigo se um dia me apaixonar? Fogo!

Muitos beijinhos quentinhos porque houve muita paixão na aula e eu disse “fogo” várias vezes.

Mariana

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