quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Diário de Mariana

21 de setembro

Querido diário,

Hoje almocei pela primeira vez na escola. À minha frente, erguia-se uma palmeira. Pelo tronco, já deve ter muitos muitos anos. Soube depois que se falasse era o ser vivo que na escola saberia mais segredos. É uma árvore tão importante que até a conservaram no meio das obras. Enquanto a escola era mais pequena e menos moderna, havia uns bancos, à sua volta, onde os alunos se sentavam. Os segredos eram sobretudo dos namorados. Já me contaram que muitos alunos choraram junto da palmeira e fizeram muitas promessas de amor. Eu nunca me apaixonei mas espero que haja, depois das obras, uns banquinhos. Sei lá se um dia também lá estarei abraçadinha. Só espero é que se isso acontecer não esteja tanto calor como tem estado.

Enquanto olhava para a palmeira, vi ao meu lado uma professora a escrever no computador. É fixe haver espaços grandes na escola, mas as professoras mais velhas, coitadas, têm de dar saltinhos nos degraus mais altos dos monoblocos. De idades diferentes já há bastantes professores de mochila. De mochila e de rabo de cavalo é que eu ainda não vi.

Gosto de olhar e de observar as pessoas. Um dia, ouvi dizer que isso era próprio dos escritores. Por acaso até gostava de escrever mais, mas como é que eu posso? Mariana, faz os trabalhos; Mariana preciso que me ajudes; Mariana, atende o telefone; Mariana, vai ver quem está a bater à porta; Mariana, vai a casa da avó, Mariana…

Ao menos a palmeira está quietinha a observar tudo sem sair do sítio. Eu gostava era de ter ouvido o que ela já ouviu. Devia dar muitas páginas de diário. Ai não!

Beijinhos, querido diário

Mariana

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