Querido diário
Conto quase tudo à minha mãe, mas tenho alguns segredos. Nunca perguntei a ninguém, mas deve ser sempre assim. Dizem que eu sou distraída, mas vejo bem que as pessoas não dizem tudo tudo. Por que é que eu havia de dizer? As pessoas só dizem tudo quando ficam chateadas. Passam-se e aqui vai disto. Ou “água vai”, como ouvi uma vez explicar numa visita de estudo a propósito de todas as porcarias que antigamente atiravam pelas janelas. Eu não gosto muito de me zangar porque fico a pensar no assunto e gosto mais de pensar noutras coisas. A minha mãe está a chamar-me. já sei. Vai mandar-me pentear o cabelo. Se ela tivesse o cabelo crespo como o meu, queria ver se gostava de o pentear. Poucas vezes me vejo ao espelho, mas sinto-me bem assim. Despenteada, é claro. Bem, lá vou eu. Mãe, estou a ir.
Até breve, meu amigo
Mariana
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