Enquanto
espero pelas festas, penso em todos os Natais calorosos e maravilhosos
quando era criança, e dou-me conta de que um sorriso me ilumina a
face.
Na verdade, são tempos que vale a pena recordar! Contudo, reparo que, à
medida que fui ficando mais velha, as memórias do Natal tornaram-se
menos vívidas e foram-se transformando numa época triste e
deprimente... até ao ano passado. Foi nessa data que creio ter
recuperado a alegria própria da infância. A alegria que eu sentia
quando era criança…
Todos
os anos me canso à procura de algo para oferecer à minha mãe no Natal.
Mais um roupão e uns chinelos, um perfume, umas camisolas? Tudo
prendas interessantes, mas que não dizem Amo-te da maneira que
deviam dizer. Desta vez, queria algo de diferente, algo que ela
recordasse para o resto da vida… Algo que lhe devolvesse o sorriso na
cara e a ligeireza no andar. A minha mãe vive sozinha e, por muito que
eu queira passar algum tempo com ela, só consigo, com o meu horário,
fazer-lhe visitas esporádicas. Portanto, tomei a decisão de ser o seu
Pai Natal secreto. Mal sabia eu como acertara!
Saí
e comprei todo o tipo de pequenas prendinhas e, depois, passeei-me
pelas zonas mais caras do centro comercial. Arranjei pequenas
ninharias, coisas que eu sabia que apenas a minha mãe iria apreciar.
Levei-as para casa e embrulhei-as, cada uma de maneira diferente.
Depois, fiz um cartão para cada uma delas. Tudo de acordo com a canção “The twelve days of Christmas.” [“Os doze dias de Natal”]. E dei início à minha aventura.
O
primeiro dia foi tão emocionante! Deixei a prenda junto à porta do
apartamento dela. Depois, apressei-me a telefonar-lhe, fingindo que era
só para saber como estava de saúde. A minha mãe estava radiante!
Alguém lhe tinha deixado ficar uma prenda e assinado “Pai Natal secreto.”
No
dia seguinte, a cena repetiu-se. Quatro ou cinco dias depois, fui a
casa dela, e o meu coração quase rebentou de alegria. Tinha disposto
todas as prendas em cima da mesa da cozinha e andava a mostrá-las aos
vizinhos. Durante todo o tempo da minha visita, a minha mãe não parou
de falar no admirador secreto... Estava no sétimo céu!
Telefonava-me
todos os dias com notícias da nova prenda que tinha encontrado ao
acordar! Tinha decidido “apanhar” a pessoa responsável por tudo aquilo e
ia dormir no sofá, com a porta completamente aberta. Por isso, nesse
dia, tive de deixar a prenda mais tarde, o que a fez ficar aflita: será
que as prendas tinham acabado?
O último dia era um sábado e o cartão dizia-lhe para se vestir e que devia ir até ao Applebee’s
para jantar. Era sinal de que iria, finalmente, conhecer o seu Pai
Natal secreto. O cartão dizia, também, que pedisse à sua filha Susan
para a levar lá (esta sou eu). Acrescentava, ainda, que iria reconhecer
o Pai Natal secreto pelo laço vermelho que ele usaria.
Fui
buscá-la e lá fomos nós. Depois de chegarmos e de nos instalarmos, a
minha mãe olhou em volta. Perguntava-se, sem dúvida, quando iria
conhecer o seu Pai Natal secreto… Devagar, tirei o casaco e exibi o
laço vermelho. A minha mãe começou a chorar. Estava mais feliz do que
nunca!
Senti-me tão contente quando tudo acabou!
E
lembrei-me de uma coisa muito importante: a minha mãe ensinara-me, em
criança, que era melhor dar do que receber. Por isso, todos os anos em
que estive triste durante as festas, foi porque procurei mais receber
do que dar.
Agora, podia, finalmente, sentir-me feliz.
Susan Spence,2008
(Tradução e adaptação)
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