domingo, 30 de dezembro de 2012

Diário de Mariana



30 de dezembro 2012

Oh, querido diário, nem sei como começar.  Um colega meu disse-me, com ar de gozo, antes de as aulas acabarem: ”és muito criativa!” Mandou-me esta boca, porque lhe respondi à letra. Eu acho que há pessoas que pensam que podem dizer tudo e os outros têm de medir muito bem as palavras. Isso é que era bom!

Gostava de te escrever de forma diferente, sei lá, descobrir uma cena gira, mas não consigo. Tem de ser assim, porque escrevo muita coisa que sinto, mas não posso dizer tudo. Fui educada a ouvir muitas vezes: Mariana, porta-te bem. Mariana, tem juízo. Mariana, vê lá o que dizes. Mariana, vê lá o que fazes…

Um dia que tenha filhos, acho que não vou estar sempre a dar tipo conselhos. Há tantas coisas diferentes para dizer!

O meu Natal também não foi muito diferente dos outros mas foi fixe. Somos muitos à mesa, falamos muito, rimo-nos, damos e recebemos prendas. Tenho umas primas pequenas que são o máximo. Gostam de cantar e de contar anedotas. São altamente e muito alegres. 
Acho que nos devíamos rir mais uns para os outros. Disse isto à minha mãe e ela disse logo: ó Mariana, deixa-te de risota e anda mas é ajudar-me. E, pronto, lá fui eu, porque assim podia continuar a dizer coisas engraçadas e a rir-me.

A minha mãe fez uns corações de cartolina e com bocadinhos de pano colados para pôr na mesa. A família reparou e ela ficou contente. Eu tinha visto a minha mãe fazer os corações e fiz dois também. Um para lhe dar, em tons de azul, e outro em vermelho para o Gi, mas só lhe mostrei a ele e não disse nada a mais ninguém. A gente não pode dizer tudo, não achas, querido diário?
Depois, lembrei-me que as minhas irmãs também gostavam e fiz um para cada uma e escrevi: “amo-te muito, maninha”.

Eu acho que se pode dar prendas quase sem gastar dinheiro. O Gi deu-me uma agenda que ele fez para eu escrever quando me apetecesse. Gostei tanto que até demos um beijo mais demorado. Mesmo assim, eu olhava para todos os lados, porque não gosto destas cenas quando há gente a passar.

Pronto, hoje não digo mais nada, mas sabes, querido diário, fico pensativa por estar a acabar o ano. Também é bom pensar no que começa e no que termina, porque a vida é mesmo assim. Será que um dia será diferente?

Um abracinho, querido diário.

Mariana


4 comentários:

  1. Sabes, Mariana, és mesmo muito criativa!
    Não duvides. Mas também não deixes que te atirem isso à cara com ar de gozo.
    Como a tia Cilinha costuma dizer: “Essas bocas geralmente vêm de quem tem dor de cotovelo!" Ai , dói tanto!...

    Como tu sabes, este ano não deu para passar o Natal contigo, porque tínhamos que o passar na avó Carmo. Coitadinha! Mal se pode mexer e o meu pai achou que deveríamos romper a tradição Natal-Sim, Natal-Não, para podermos estar com ela. Por isso, este ano foi outra vez Natal-Sim em casa da avó Carmo.
    Não fiques triste, porque estamos a preparar uma surpresa: aparecer em tua casa no Ano Novo. Não digas nada ao pessoal, por favor! Eu é que não consigo segurar muito tempo estes segredos. Tu sabes como eu sou…

    Quanto ao teu beijo mais demorado com o Gi, não percebo!
    Qual é o problema? E se virem? Que olhem eles pró lado!

    um bjinho grande e até ao dia de ano novo!

    prima Zá

    PS: Gostei da ideia dos corações. Foi mesmo bué de fixe, como diz o Chico! Depois, falo-te do Chico. :-)


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  2. Olá, prima Za!
    Deve ter sido fixe para a avó Carmo ficares com ela, porque acho que ser velho nestas alturas ainda deve custar mais. Não achas?
    Que bom vires cá no Ano Novo. Podemos falar e pôr os assuntos em dia. Estou a ver que tens novidades. Altamente.
    Um abracinho e até amanhã.
    Mariana

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  3. Olá, Marianinha!

    Com que então fartinha de trabalhar para ajudar a mãe a preparar a consoada. «E, as férias passam depressa e nem dá tempo para ver os amigos, especialmente o Gi», pensavas tu.
    Pois é, nestes dias até eu gostava de ter quem me ajudasse. Não é que tenha feito muitas coisas boas, mas dá sempre trabalho preparar o jantar e pôs a mesa. Gosto que a mesa fique bonita, escolho uma toalha bordada e costumo escolher a melhor baixela ( não sei se sabes o que esta palavra significa, quer dizer os melhores pratos e copos, talheres,...). Depois gosto de acender velas para dar mais brilho áquela noite especial. Se calhar a tua mãe também faz como eu e já te ensinou estas cooisas que deves achar pouco fixes, mas nunca é demais saber, Mariana! E depois,ficamos mais gordos e gordas e prometemos que vamso andar mais a pé...
    Desejo-te um esperançoso ano novo como muitos beijinhos do Gi.
    Tia Cilinha

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  4. Olá, tia Cilinha!
    Só espero é que a minha mãe não veja a última parte dos seus votos!!!

    Imagino a sua mesa de festa. Bem fixe. Eu acho que as pessoas deviam festejar mais vezes com as coisas bonitas que têm em casa. Não devem ficar sempre na gaveta, porque assim nem dão alegria a ninguém.

    Tia Cilinha, um abracinho e Um Bom Ano Novo

    Mariana

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