Ontem aconteceram-me, para além de muitas coisas comuns, duas que destaco: uma chata e outra muito boa. Começo pela chata.
Como se vê, sou bastante autodidata na gestão da forma do meu blogue. Ontem, quis alterar a imagem e as dimensões do cabeçalho e, ups, foi uma desarrumação quase total. Tive de puxar daqui, arrastar dacolá, pré-visualizar, deixar de visualizar, chatear-me sem querer perder a paciência, enfim, lá consegui pôr no sítio muito do que queria e o resto terá ainda de ficar para outra fase. Depois de carregar as baterias da persistência.
Enquanto isso, a imagem do cabeçalho, por exemplo, não está onde eu queria, nem como eu queria, mas haja, pelo menos, algum sumo de laranjas da época.
A outra coisa, boa desta vez, foi o mail de um ex-aluno. Disse-me que encontrou o meu endereço por acaso e que tinha tido vontade de me escrever. Fiquei feliz. Quando, na sala de aula, ele lia poesia, escrita por ele ou de poetas do manual, a turma ficava suspensa das suas palavras e não se ouvia nem uma mosca. Impossível esquecer estes bons momentos que o mail, magicamente, ainda mais avivou.
Há vinte dias que me aproximo de ti. Sem interrupção, desde que começou o confinamento. Pensamos todos que vai terminar, 'só não se sabe é quando.'
E como o nosso encontro de cada dia poderá continuar, e há mais proximidade entre nós, vou chamar-te querido diário. Concordas?
Como quem cala consente, não te deves importar.
Ontem até me comovi, o que também não é difícil, talvez por causa da pandemia. Chegaram quase três dezenas de médicos alemães para ajudar doentes portugueses com covid-19. Trouxeram camas e ventiladores.
A solidariedade é mesmo do melhor que há no mundo.
Mas também me irritam tantos casos de pessoas que passam à frente de quem tem o direito de tomar a vacina. Às vezes, nem sei quem tem razão, noutras vê-se logo que o xico-espertismo não deixa de ser como o vírus
Enquanto isto, continuo à espera da mensagem para a vacina da minha mãe, que tem mais de noventa anos.
Ah, apanhei esta camélia logo pela manhã - beleza silenciosa das pequenas coisas.
Há pouco, abri o mail e deparei com uma mensagem que não conseguiu entrar no post do domingo passado.
Parece narcisista transcrever as palavras que se referem a mim, mas como se trata de uma grande amiga, e, sobretudo, diz outras coisas muito importantes, aqui vai:
'No rasto de Deus
O livro, que referes no teu post de 31 de janeiro, é, antes
de tudo, fruto de uma boa comunicação, e eu sinto-me uma privilegiada por ter
feito parte dessa “equipa pequena, mas muito coesa”. O que eu aprendi contigo,
minha querida Amiga (e olha, Dê, que isto não é falsa modéstia nem é pose de
vaidosa)!
Um livro é um dos
poucos documentos que ficam para sempre e que poderão ser lidos daqui a séculos,
como diz Irene Vallejo n´ O Infinito num Junco (livro que a minha Amiga Natal
me ofereceu).
Pois Irene Vallejo
tem razão; eu posso, hoje, facilmente, aceder a textos escritos há dez mil
anos, mas não consigo ver os filmes gravados por mim há 30 anos em cassetes
Beta e VHS (e até menos). Deus me valha! Falta-me (paradoxalmente) a tecnologia.
O livro Caminhando em Missão aí está, em suporte de papel, acessível
para sempre.
Organizar em livro todos os documentos que íamos conseguindo
dos Consagrados foi obra Dele? Com certeza que sim, mas até eu me sinto (e Ele
que me perdoe) um pouco missionária quando folheio o livro e dou de caras com o
olhar sereno, amoroso, alegre e indagador de uma carmelita.
Mantém-te saudável, Amiga. Cuida-te que isto há de passar.
Abraço.
Clémie'
Não é troca de galhardetes, mas também aprendi muito contigo, querida amiga Clementina. É possível fazer um trabalho em conjunto quando há motivações idênticas e o objetivo é comum. Neste caso, foi dar voz a dezoito Consagrados, muitos deles desconhecidos, mas que têm trabalhado, em diferentes continentes, para que o mundo fique melhor à sua volta e com pessoas mais felizes.
Como equipa redatorial, demos o nosso melhor para que não houvesse, gralhas, incorreções... e o livro ficasse, como gostas de dizer, 'uma relíquia'. Contribuímos nós, a Rosa Amélia, a Isabel, a Rosário, a Rute, a Dolores (somos duas com o mesmo nome), a Ana Loureiro, o padre Alípio com a ideia... Como dizes, o livro perdura no tempo. Felizmente. E há tanta coisa que é preciso descobrir, para além do ruído mediático!
Ontem à tarde, foi lançado, em redes sociais, um livro começado em 2019, ainda antes da pandemia, na paróquia de Gondomar/S. Cosme.
Fiz parte de uma equipa pequena, mas muito coesa. Coube-nos elaborar e tratar um questionário que foi enviado para Consagrados (dezoito padres, freiras e diáconos) em Missão por diferentes regiões e continentes. Quase todos nascidos na freguesia onde também nasci.
Sou católica por educação e por pensamento, mas, tal como muitos portugueses, assisto a cerimónias religiosas sobretudo em batizados, comunhões, casamentos e funerais!
Contudo, gosto muito de igrejas e de entrar quando passo e as vejo abertas. Gosto do silêncio e da música e das palavras que me elevam e não me afastam.
E estou/estamos muito contente/s com o livro. Quanto à forma e quanto ao conteúdo. Os testemunhos são muito bons, porque são muito humanos, de pessoas que olham o Céu mas com os pés assentes na terra, indo ao encontro de quem precisa de ajuda.
Com a vida que ajudámos a dar a este livro, fiquei com uma visão mais arejada de percursos de muitos religiosos e religiosas que trabalham na proximidade ou à distância, quase sem rede, quase incógnitos, mas que, ainda assim, não desistem.
Os bons exemplos são muito pouco divulgados.
E, apesar disso, para além da reflexão e histórias de vida muito interessantes e nem sempre fáceis, não falta - graças a Deus! - o bom humor.
O nosso trabalho de compilação, tratamento e publicação destas entrevistas foi uma pequenina missão, face à Missão de muitos que vou passar a respeitar ainda mais.
E haverá muitos mais com toda a certeza.
Hoje, dia em que passa a haver proibição temporária de passar fronteiras, continuemos o nosso confinamento. Também uma Missão.
Há muitos anos, tive galinhas. Punham ovos, tinham a crista vermelhinha e era engraçado vê-las no poleiro, a comer insetos e ervas no quintal, a cacarejar...
Era muito bom, mas dava muito trabalho ter a capoeira cuidada. Moral da história: fomos comendo as galinhas, lavou-se o espaço, mas ficou um pouco triste e vazio.
E se pintasse a capoeira e lá pusesse uns vasos? - Pensei eu. Sempre tinha mais graça.
Tornou-se assim uma capoeira com plantas. Apesar da estranheza da porta ainda de rede, parecem felizes porque têm luz e espaço.
Porém, não fazem esquecer as galinhas.
Tal como acontece com as pessoas. Podem não estar lá, mas lembramo-nos delas.
Vejo agora os números de hoje da pandemia.
Muito maus, mas um bocadinho menos maus do que ontem.
Sem os esquecer.
Entretanto, recebo um comentário (obrigada, Vítor) sobre o dia de ontem. Procuro o poema sugerido. E releio-o devagar, enquanto a tarde se vai escrevendo:
De manhã fui ao quintal e fiquei contente com a pequena colheita. Também apanhei camélias, embora não seja muito de ter flores frescas dentro de casa.
Ao ver estas flores, lembro-me com frequência do romance A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas, que o meu pai tinha lido quando era novo e de que falava bastante.
Hoje ainda não sei se os números da pandemia continuam a crescer. Ouvi, a propósito disso, uma psicóloga a aconselhar não se ver notícias mais do que duas vezes por dia, para manter o equilíbrio emocional. Referiu também que ler, escrever, comunicar... faz muito bem em qualquer altura e ainda mais agora. Também acho.
A mesma técnica de saúde mental lembrou que, dantes, as pessoas passavam a vida a dizer: 'não tenho tempo', 'tenho pressa'.
Agora há mais tempo e temos é pressa que a pandemia passe. Para vivermos normalmente.
Os estudos revelam que a violência doméstica tem aumentado. Imagino esse horror dentro de quatro caladas paredes.
Não chove, mas o tempo está cinzento e húmido. Quase tudo parece parado.
Hoje, perto das oito da manhã, ouvi o Portugalex na antena 1. Todo o bom humor é bem-vindo.
Ontem o meu clube foi a Faro e ganhou. Bem-vinda, alegria.
Comecei a ler um livro do espanhol Enrique Vila-Matas. E tenho vontade de continuar sempre a leitura. Bem-vindos, livros assim.
Não está muito frio, mas, mesmo assim, tenho uma manta quentinha sobre os joelhos. Bem-vindas as coisas simples e boas.
Hoje, tal como ontem, há muito nevoeiro, a situação pandémica é muito má, haverá imensas coisas por/a fazer, mas qualquer D. Sebastião não seria bem-vindo.
Hoje é 2ª f e ontem foi um domingo de muitas emoções.
Os números avassaladores da pandemia não diminuíram, infelizmente; a abstenção ao ato eleitoral foi mais reduzida do que o esperado, a organização das assembleias de voto foi muito elogiada.
A noite eleitoral foi de muitos números. De quem ganhava, de quem perdia, de quem subia ao segundo e terceiro degrau do podium...
E vimos
um presidente vencedor em todos os concelhos do país, um homem sui generis, que vive só, que comprou o jantar no restaurante, que foi ao volante do seu carro até ao local do seu discurso de vitória. Ouvimo-lo referir muitas solidões, muitas fraturas que é preciso resolver, muita exigência nos esforços para que a pandemia e a desunião não continuem a crescer,
uma mulher de meia idade, defensora de causas que não pode calar, embora se queixe de não ter sido ouvida por quem ela achava necessário,
um homem frenético e inquieto, que arruma as pessoas como em pastas de escritório, que põe perguntas às quais só ele quer dar resposta, que deixou sinais em montes e planícies onde se têm calado muitas solidões,
um homem bonito que não levanta a voz, embora a todos queira dar voz, mas que terá de encontrar outras formas para fazer ouvir a sua voz,
uma mulher jovem e serena que defende causas como a dos cuidadores informais e muitas outras das quais diz não desistir,
um homem jovem e desconhecido que alargou um pouco os resultados do seu partido e que afirma que ninguém pode desistir do que quer fazer, ainda que lhe digam que não é capaz,
um homem que diz conhecer as pedras da calçada, que tornou mais real a sua terra, dizendo que nunca nenhum rei nem nenhum presidente a visitou, mas que este último é cada vez mais desejado.
Ah! Ontem vi uma magnólia já em flor. Será um bom sinal?
Hoje, pouco depois das oito horas, o céu estava carregado e a chuva tinha força para ser ouvida enquanto caía.
Como tenho uma laranjeira (algumas laranjas têm caído com o vento), fiz um copo de sumo, o café que não dispenso logo de manhã e pus a minha compota de abóbora nas fatias de pão. Liguei a televisão, mas desliguei quase logo. Aquelas notícias reduziam-me o prazer do pequeno almoço.
Vi que esta semana ainda não precisarei de ir ao supermercado, ou melhor, à mercearia local. Uso-a como o antigo anúncio das páginas amarelas: 'vá pelos seus dedos...' Telefono e trazem-me as coisas a casa. Tudo num caixote, mas devidamente organizado.
À uma hora da tarde, é proibida a circulação entre concelhos. A minha mãe chama-lhe 'cadeado' e usamos, por graça, a expressão que achamos engraçada.
As variantes sul-africana e inglesa já andam por cá. O mundo é global e também o vírus.
Hoje é 'dia de reflexão', como se institucionalizou antes das eleições. Para o voto antecipado, não foi necessário e acho que não (me) fez falta, porque, nesta altura, já toda a gente sabe em quem vai votar. Ou, pelo menos, em quem não vai votar. Mas não faz nada mal ser dia de reflexão. Há um pouco mais de sossego. Para além de todos os desassossegos atuais.
E se as notícias amanhã também dessem mais sossego e não tirassem o prazer do pequeno almoço?
Esta planta, cujo nome desconheço, veio 'bebé' para minha casa e tem crescido bastante. Gosto muito desta planta. Remete-me para a ideia de liberdade, de luz, de espaço, de resguardo...
Ontem à noite, o vento soprava tanto que parecia o ribombar de trovões. Vi que era 'apenas' vento, o que não já não era pouco. Desde criança que tenho medo da trovoada. Nessas alturas, era um alívio ouvir o meu avô, com os seus olhitos azuis, pequeninos e matreiros, dizer que a trovoada estava por cima de nós, mas logo ia passar. E não é que passava mesmo. Ou então era o medo que passava.
Fecharam as escolas. Parece que não havia alternativas, perante o galopar desenfreado do vírus. Chovem críticas, mesmo de muitos que não queriam vê-las abertas.
Muitos pais não sabem como entreter os filhos em casa. Porque são como as plantas que crescem em busca de liberdade, de luz, de espaço, de resguardo...
Por estes dias, impossível não pensar no poder quase absoluto de um homem que desagua
na fragilidade e pequenez humana, como qualquer ser humano comum
na solidão ou vida ficcionada com traços de loucura
no contraste entre a vida faustosa de um palácio dourado e a prosaica necessidade de desinfeção anti-vírus de todo o seu recheio...
'A solidão é perfeita como um rasgo entre
as nuvens, ao último sonho. A solidão
que se cala em teu fundo e vai envelhecendo
na terra perdida do som descompassado.
Te guardas na intimidade dos armários,
onde a paz é negra e se desagrega a luz.
Nunca foste mais do que uma ficção, matriz
de riso e sombra, um poço verde, teorema
de ilusões, engrenagem de poentes roxos.
E, agora, frouxo, já nada designas ou
desenhas. És, apenas, testemunha efémera
e longínqua, trovão engolido de Deus,
fingidor ferido de doces cantos, mentira
precária nas cordas de uma harpa febril.'
Orlando Neves (1935/2005)
Ontem chorei a ver na televisão a cerimónia de tomada de posse do novo presidente dos Estados Unidos. Disse-o à minha filha que vive em Londres. Respondeu-me que também ela. O companheiro é americano, mas sei que a emoção não era por uma questão de nacionalidade.
Eram os valores humanos que estavam a ser defendidos, era ver gente normal a querer recuperar a boa normalidade da vida das pessoas, apesar de todas as instabilidades.
A pomba da paz - usada por Lady Gaga, que cantou o hino americano
Não queria nada ser governo. As escolas, afinal, vão fechar. Dizem que é a mais provável solução. Entretanto, o vírus vai avançando vencendo todas as probabilidades. Muitos pais devem estar aflitos. A chuva continua.
O meu clube ontem perdeu, nos últimos minutos do jogo. Outro clube viveu as alegrias da vitória.
Hoje o presidente do país mais poderoso do mundo cessa funções, com o índice mais baixo de popularidade. Mesmo assim, cantando vitórias pela 'vã glória de mandar'. O ser humano é surpreendente.
Outro presidente inicia o seu mandato numa capital preparada para uma guerra feroz que pode vir de dentro do país e não de fora. A festa da tomada de posse deu lugar a barricadas como se de uma guerra se tratasse. A ainda primeira dama fez um discurso apelando à paz, ao amor, à generosidade, à união. Oxalá seja seguido.
Não haverá público a aclamar o novo presidente nas ruas de Washington, ainda que legitimamente eleito. Os tempos são de estranheza e grandes desafios. E exaltantes também.
Em lugar de muita gente a aplaudir, estarão milhares de bandeiras a esvoaçar ao vento em homenagem aos mortos pela pandemia.
Vou tentar seguir a cerimónia pela televisão. Haverá diretos pelas televisões portuguesas. A CNN também de tudo dará conta. Tenho pena de não entender tudo o que dizem. O que vale há subtítulos que ajudam à compreensão.
Por falar em homenagem, não somos um país de grandes elogios. E são tão necessários. E são tão merecidos. Os profissionais de saúde, os professores, os trabalhadores dos mais variados setores abertos ao público, quem se protege e quem protege os outros, quem olha para os que estão próximos e estão a passar dificuldades e faz alguma coisa para os ajudar...
O céu, também por cá, está muito cinzento e carregado. O vento tem soprado com força. E prevê-se trovoada. Os céus também andam revoltos.
'Depois da tempestade vem a bonança'. Tenhamos esperança.
E, ao quarto dia, novas regras do confinamento foram redefinidas e impostas.
Como flores que haviam sido plantadas, mas pouco olhadas ou sequer entendidas.
Pela força estrondosa e medonha dos números, ouviram-se muitos apelos pedindo atenção e recato.
Tinham chovido críticas pela indiferença, pelo esquecimento do cuidado que é preciso ter para preservar a vida de todos e de cada um.
E, entretanto, silenciosas, flores como as azáleas iam-se abrindo. Sem qualquer sobressalto. Esse foi pedido aos portugueses, porque a mudança era urgente. E o tempo é de sobressalto.
Ontem, fui votar para as presidenciais, já o sol pouco aquecia. Gosto muito da luz de final de dia. Tenho uns amigos que partilham fotos fabulosas com as cores mais imprevisíveis do céu e as formas mais estranhas desenhadas no firmamento.
Tal como muitos portugueses, fiquei
admirada pela adesão ao voto antecipado. À porta da EB2/3, duas
senhoras mediam a temperatura a quem chegava. Uma
delas avisou: 'há um atraso de duas horas'. Mesmo assim, arrisquei e
dirigi-me à secção de voto, que me havia sido indicada.
Afinal,
tinha apenas uma pessoa à minha frente. Às vezes, é preciso ver para
crer e o que é verdade nalguns casos não o é noutros.
Antes de sair de casa, recebi uma mensagem de whatsapp, da minha filha que vive em Londres. A minha neta tinha dito: 'I love that rice', ao ver a foto do arroz que eu tinha feito ao almoço. E interrogo-me saudosa: quando poderei voltar a vê-la, fazer-lhe (a minha) comidinha de que gosta, dar-lhe um abracinho, dizer-lhe: querida, diz em português...
Eu gosto desse arroz, disse ela e fiquei contente por ainda não o ter esquecido. Há mais de um ano que os encontros são apenas virtuais. Como eu estão muitas mães e muitas avós cujos filhos ou netos emigraram.
Falei no feminino. Que me desculpem os homens porque também sentem saudades. Talvez ainda não o verbalizem tanto.
Enquanto isto, recebi fotos, tiradas nos arredores de Londres, à hora matinal de uma corrida higiénica. E, curioso, a uns dez minutos, de metro, ir ao centro da cidade para muitos parece miragem, porque há muitos perigos de vírus e variante(s).
Também já não vou ao Porto há bastante tempo, apesar de viver a uns 15 m. Recorro mais ao comércio local. O que não é urgente pode esperar. E há tantos caminhos próximos para percorrer. Para conhecer. Para viver. Assim como em casa.
Hoje cabia-me a mim ficar com a minha mãe. Quando saí de casa, estava frio, havia geada e pouca gente circulava na rua.
Depois, lá em casa, foi o costume, felizmente. Digo assim, porque, agora mais do que nunca, quando a rotina se mantém e não há sobressaltos, é ótimo.
Preparei o nosso almocinho e, como era domingo, fiz assado.
Para a minha mãe, domingo sem assadinho é como não ouvir a missa, que não dispensa. Hoje era transmitida da ilha Terceira nos Açores, aonde eu gostava de um dia voltar. Quando se virem de novo os sorrisos, não revelados apenas pelos olhos. Fica a ideia. Ou o sonho?
Uma das notícias que ontem mais me chocou foi ver uma fila de ambulâncias à porta da Urgência de um hospital de Lisboa, com as aflitivas luzes intermitentes, a sinalizarem muitos doentes covid-19 em espera. Minutos antes, tinha visto outras imagens com muitas pessoas a passear descontraidamente junto ao mar, sem distância social e sem máscara.
Não, não acontece só aos outros.
Vejo agora, pela notícias, que muita gente aderiu ao voto antecipado. Um bom sinal, penso eu. Porém, é dito na mesma peça que as pessoas não se afastam como se deveriam afastar.
Também estou inscrita para o voto antecipado, mas não queria ir para a fila.
Enquanto espero, vou ver se tenho bâton vermelho!!!!