Era uma vez uma ameixoeira
que morava num quintal muito acolhedor. A vizinhança era muito variada: duas
macieiras, três pés de abóbora, um limoeiro, margaridas, camélias, azáleas,
arruda, erva-cidreira, manjericão, lúcia-lima, hipericão…
A ameixoeira dava frutos
escurinhos e aveludados. A família gostava de os colher e saborear junto à
árvore-mãe.
Um dia, as folhas da
ameixoeira começaram a secar. De princípio, era uma aqui, outra ali, mas, em
pouco tempo, ficaram todas murchas e sem vida. Bastava uma pequena brisa para
as fazer cair ao chão. Qualquer aragem as desprendia e atirava-as para terra.
No ano seguinte, o mais certo
era não haver compota de ameixa.
Ora, junto da ameixoeira,
vivia uma buganvília de cor bem vermelha.
Enquanto a ameixoeira secava, a buganvília
crescia viçosa em várias direções, às vezes um bocadinho intrometida porque
espreitava e saltava o muro.
E, vá-se lá saber como ou porquê, um ramo da buganvília foi ao encontro da
ameixoeira fraquinha e o outro encostou-se ao tronco, amparando-o.
Apesar de parecerem abraços,
os ramos da buganvília nunca taparam a ameixoeira, para que ela pudesse
respirar à vontade e ter o seu espaço.
Porém, o tempo foi correndo e
quem passava por lá só tinha olhos para a buganvília, porque a ameixoeira
mal se via. Ainda.
Um dia, a dona da casa foi ao
quintal apanhar couves para a sopa. Se estivesse com pressa ou a pensar em mil
coisas ao mesmo tempo, nem teria reparado no que lhe saltou logo aos olhos. A
ameixoeira, que parecia estar a desaparecer, tinha novas folhinhas verdes.
Olhou várias vezes
com atenção, afastou uns raminhos da buganvília e viu que as folhinhas
renascidas eram mesmo da ameixoeira. Até o tronco estava mais forte.
Foi então que ela logo chamou
o neto para ver a ameixoeira renascida.
O menino olhou para a avó e
disse:
- Ó avó, se calhar a buganvília não gostava de estar só!
A avó sorriu-lhe e imaginou a
compota de ameixas que faria no ano seguinte. E, na mesa, não faltaria um raminho de buganvília
ao lado da compota.
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