quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Diário de Mariana

 4ª f., 31 de outubro
Querido diário,

Ontem, a prima Za disse que eu já não escrevia há muito tempo. Foi fixe ela ter-se lembrado de mim. Eu pareço tipo bem disposta mas sou um bocado tímida e acho mesmo fixe quando  gostam de mim. Eu escrevo, mas muitas vezes é só na minha cabeça. Vou para a escola, vejo uma coisa qualquer sem importância mas gira, oiço palavras que me chamam a atenção e apetecia-me logo escrever, mas… fica só escrito na minha cabeça.

Por acaso também me lembro de uma cena que ficou por contar há algum tempo. A tia Cilinha até disse que se calhar era por causa do Gi, mas por acaso não era. Eu, nesse dia, disse que estava mesmo mesmo contente, que era mesmo fixe o que eu estava a viver. Eu não cheguei a explicar, mas foi por causa da minha irmã do meio. Ela vem trabalhar para mais perto e assim posso falar com ela mais vezes, posso ir visitá-la (a minha mãe já me disse que só íamos se não acabassem as viagens low cost) e assim se ela precisar ou nós, já estamos todos mais perto e não é preciso atravessar o Atlântico para a gente se encontrar. Assim é muito melhor.

Também não escrevo muito porque quando chego a casa, tenho sempre bué de coisas para fazer. Mesmo que não me apeteça muito, depois de almoço, começo logo a fazer os tpcês. Isto se a minha mãe não me disser: Mariana, arranja-te porque quero que vás comigo a casa da avó e a casa das tias (tenho umas tias muito fixes, já bastante velhinhas, com a casa sempre muito arrumadinha e com a mesa sempre posta para a refeição seguinte). Por acaso até gosto de ir lá. Há sempre flores abertas nos canteiros e o cheiro da casa é especial. Sei lá, cheira ao tempo em que eu era pequena e ia para lá muitas vezes brincar. Só que elas tinham um pato e eu tinha medo porque ele era muito grande e desajeitado e corria atrás de mim. Devia ser para brincar mas eu pensava que era para me atacar e apetecia-me fugir cheia de medo dele. Ele se calhar divertia-se a assustar-me. E eu caía que nem um patinho.

Hoje no intervalo grande, o Gi abraçou-me e pareceu-me muito triste. Acabou por me dizer que como amanhã é o dia de se ir ao cemitério, lembrou-se mais do avô que morreu há alguns meses. Eu disse-lhe que também tenho muitas saudades do meu pai.  Ficámos os dois abraçados, sem falar e pensativos. Estávamos no corredor e passou a minha dê tê. Olhou para nós e começou a rir-se ao ver-nos assim abraçadinhos. Por que é que os setores não pensam que também temos problemas?!

Muitos abracinhos, querido diário.

Mariana

2 comentários:

  1. Força, Mariana! Continua a ter tempo para passar ao papel aquilo que fixas na cabeça. Se fosse comigo nunca mais me lembrava do que tinha visto e ouvido. A idade não perdoa, sabes. Ás vezes até penso que qualquer dia ainda apanho a DA, e depois é que não me lembro de mais nada.
    Bjs da
    Tia Cilinha

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  2. Olá, tia Cilinha!

    É, tenho de escrever mais vezes, mas são sempre tantos testes, trabalhos...

    Por aquilo que observo e que a minha mãe me diz, a sua memória é muito boa, mas mesmo eu que sou mais nova, acho que temos de esquecer algumas coisas, senão não cabem na cabeça.

    Espero ter sempre o seu ânimo e boa disposição.

    Um abracinho
    Mariana

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