Era assim todos os dias depois de
almoço.
A porta estava entreaberta, ele
entrava e sentava-se à mesa do pátio – pequena, redonda, dando para a árvore do jardim. Em breve, o amigo chegava, sentava-se, sempre na mesma cadeira, e começavam a falar. Às vezes, um deles
começava a dormitar. O outro, ao aperceber-se, interrompia a conversa ou,
então, continuava porque o amigo, apesar da soneira, sempre ia ouvindo
alguma coisa.
Falavam de tudo: dos negócios que
não estavam nada bem, do desgoverno do governo, das doenças da família, da chatice de ser velho, dos
sonhos que tinham tido enquanto meninos, dos amigos que já haviam partido, de castos amores antigos…
E ali ficavam os dois, longamente, na hora da
sesta. Ou melhor, os três, porque o gato enroscava-se e dormia, regalado, em cima da mesa.
Sem comentários:
Enviar um comentário