terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Nova (?) noite de consoada

 

Manteria a tradição da família. 

Enquanto a panela fervia ao lume, com as batatas, o bacalhau e as hortaliças, pôs a mesa, como costumava fazer em dias festivos. A toalha escolhida condizia com os pratos. Depois da mesa posta, tudo parecia mais orientado e organizado.

Havia, naturalmente, poucos doces, mas o bolo-rei continuava rei ao lado dos copinhos verdes de vinho do Porto. Só neles a doçura daquele néctar lhe sabia bem.

Usou também os talheres do faqueiro só aberto em ocasiões especiais, como é uma noite de consoada. Confirmou que estavam no lugar certo. Enrolou depois os guardanapos vermelhos de pano e juntou-lhes algumas folhinhas verdes de tangerinas que tinha apanhado logo de manhã.

Do fogão, exalavam odores que só sentia nas noites de Natal e Ano Novo. E não demorou muito que, no meio da mesa, da travessa voasse, dançando, um vapor saboroso e quente de cozedura  no ponto de ser saboreada.

Já podia ligar o skype.

 

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