segunda-feira, 15 de março de 2021

Por falar em deixar tudo para trás

 

Já ouvi Carlos Moedas a dizer várias vezes que 'deixou tudo' para se candidatar à Câmara Municipal de Lisboa. Não entendo esse abandono. O que fez está feito e ninguém lho tira. O que estava a fazer e já não faz, porque é candidato à autarquia, é mudança de vida assumida de livre vontade. 

Se ele optasse por um trabalho tipo não remunerado, se se despojasse de tudo para aderir a uma causa, por exemplo de ajuda social, etc. compreenderia que deixasse tudo para trás, o que não é o caso, acho eu.

Pelo que se sabe, uma presidência de Câmara, para mais das mais importantes do país, implica dedicação, trabalho árduo sem horários, mas um serviço público deste teor será sempre assim. Porém, quem o desempenha tem bom salário, regalias, janelas abertas...

Não gosto nada de ver os políticos no papel de vítimas. Eles (nem todos, é claro) são muito úteis à sociedade, mas isto de dizerem que deixam a sua vida para trás, quando se candidatam a um cargo público, é apenas um chamariz de votos. E a vitimização muitas vezes colhe.

Por falar em deixar ou abandonar, embora não tenha nada a ver, gosto muito desta canção de Jacques Brel: 'Ne me quitte pas'. Neste momento, penso que o melhor é deixar o resto para trás.

8 comentários:

  1. Também gosto muito dessa canção. De políticos não. A maioria só envereda pela politica para melhorar a sua vida, não a nossa.
    Abraço, saúde e boa semana

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    1. Realmente, devia haver mais exceções, mas continuo a achar que são muito importantes na nossa vida democrática. Oxalá os bons exemplos continuem a aumentar.
      Um abraço, Elvira.

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    1. Carlos Moedas é um político com muita credibilidade, o que é muito bom.
      Um beijinho.

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  3. É bem característica essa atitude de alguns políticos se vitimizarem para chamar as atenções sobre si. Imaturidade? Falta de verdade? Não sei, só sei que me ponho logo à distância.

    Mais uma excelente postagem, de opinião, a que Jacques Brel deu a sua contribuição com esta canção bem nossa conhecida.
    Gostei muito.

    Um beijinho e uma boa semana.

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    1. Bem-vinda, Janita. Obrigada pelas palavras. Sou um bocadinho 'de bancada', mas como gosto de saber notícias (para algumas já não tenho muita paciência), partilho coisas que penso.

      Um beijinho

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  4. Bom, não ouvi Carlos Moedas, acho-o um bom candidato. Mas não é verdade que ele abandonou o posto que tinha na Europa para se candidatar e lutar pelo que ora disputa? Mas uma disputa não e um lugar seguro, é uma hipótese. Embora seja certo e seguro que lhe fica mal atirar isso para a mesa (tem razão, mendiga votos), pergunto, se perder a câmara de Lisboa pode voltar a Bruxelas? Se pode, ainda lhe fica pior. Se não pode, fica-lhe mal, mas tem um bocadinho de razão. Penso eu.
    "Ne me quites pas" é uma canção muito bonita em todas as suas componentes. Foi nela que conheci o bendito Brel. Vou ouvi-la:).

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  5. Olá, Bea, obrigada pela sua resposta. Eu também acho, pelo pouco que sei, Carlos Moedas um político credível. Agrada-me imenso quando isso acontece, mas vitimizar-se parece-me uma atitude paternalista e, como dizia Herman José, não havia necessidade.
    Um abraço, Bea.

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