domingo, 27 de outubro de 2019

Conversa perto de livros e de pôr do sol

- Então, já escreveste o teu conto de Natal?
- Tenho tanta coisa escrita, mas não tem interesse para os outros. Fica para os meus filhos.
- Muita gente pensa assim mas nem sempre assim acontece.
- Eu gosto de falar de pequenas coisas como as pedrinhas que vejo na praia.
- Olha que há muita gente que gosta também de olhar as pedrinhas da praia ou pode até começar a reparar nelas.
-  Não sei. Acho que ainda sei pouco.
-  Todos sabemos tão pouco. Partilhar algumas coisas que escrevemos pode ser um modo simples de aprendermos todos um pouco mais.



Diferentes mimos de outubro


Ontem, foi apresentada no Porto (julgo que) a quarta coletânea de textos poéticos dedicados aos diferentes meses do ano, com o título de Mimos de... das Edições Mimos e Livros.

Desta vez, foram Mimos de outubro


Também lá vem um texto meu. Para o escrever, pensei em outubro e partilho as palavras que me surgiram:


ANTES
      E
      DEPOIS

Esperada liberdade de horários
     Sofreguidão trabalhosa das horas

Dias longos abertos ao esplendor
     Noite apressada pela pequenez do dia

Uvas maduras a escorrer nas mãos ceifeiras
     Bagos perdidos nas folhas ressequidas

Poentes avermelhados nos mares dos horizontes
     Nuvens cinzentas de lágrimas prestes a cair

Afã fremente de formiga
colhendo frutos maduros
Canto livre de cigarra
com tempo de cantar
     mas sem tempo para qualquer depois

Sê bem-vindo, outubro!
Trazes contigo as eiras de milho ao sol da minha infância.





sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Conversa em voz alta na farmácia ou problemas que também lá moram

- Tem algum jeito ter de pagar taxa? Gostava era que eles ganhassem o que eu ganho!
- Isso é verdade e não vão ao mesmo hospital.
- Se eu ganhasse mil euros, não me importava de pagar a taxa.
- Mas eles ganham muitos mil euros.
- Então se ganham tanto que paguem a taxa moradora que eu só ganho quatrocentos.

Conversa ao pé do supermercado ou palavras comuns e outras menos

- Viva! Dá cá um beijinho.
- Há tanto tempo que não te via! Estás sempre na mesma.
- Ai, estou! Tenho muitos problemas de saúde.
- Mas não parece, estás sempre bonita.
- Tu é que estás! Sempre a mesminha!


Há poucos dias assim!


Poder andar devagar. Tomar o pequeno almoço sem olhar para o relógio. Arrumar calmamente a mesa de trabalho. Acabar de ler o capítulo do livro que ainda/já vai a meio (neste caso, O Ano da Morte de Ricardo Reis de José Saramago). Fazer, sem pressa, a lista de pequenas coisas que faltam para o jantar em família. Saber que à mesa podemos falar de mil e uma coisas com o amor habitual, mesmo que haja desacordo.
Fazer festas à Castanha com tempo e paciência, sem pensar sobretudo no cocó que é preciso apanhar. Olhar a planta que está a secar no canteiro, sem nostalgia porque a pujança e beleza foram duradouras.
Sair na possível certeza de ver o largo rio ao longe. Sentar-me num banco de pedra olhando os ouriços a parir castanhas luzidias. Colher dióspiros e tangerinas ouvindo vários silêncios das folhas das árvores.
Ah! Não fossem algumas más notícias! Não fossem algumas más certezas irreversíveis!
Mas talvez esteja a pedir de mais!



quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Há boas trocas de mensagens!

 Hoje de manhã recebi esta mensagem de uma amiga.
Julgo que seria resposta para outra pessoa.
Porém, como penso de igual forma, partilho a ideia
 - que não será, de certeza, só da minha amiga nem só minha!

Desejo a todos um dia com boas mensagens, sejam elas trocadas ou não!


'Todos nós queremos deixar a nossa marca. Há muito ruído à nossa volta. A escrita traz o silêncio de que preciso. Silêncio só não chega.  Só nos basearmos nisso não chega.  Há que ter coisas cá dentro a que nos agarrarmos. 
Não nos comportamos da mesma maneira, mas se formos autênticos, há algo que nos liga a tudo'.


terça-feira, 15 de outubro de 2019

Conversa ao pé da porta

- Continuo a despojar-me de muitas coisas.
- Faço o mesmo há muito tempo.
- Não há necessidade de encher gavetas que nunca são abertas.
- Um dia mais tarde só dão trabalho a quem as tem de arrumar!



terça-feira, 1 de outubro de 2019

Há sempre uma estação perto de nós!


A Confraria do Corpo Santo de Massarelos realiza regularmente visitas a lugares de referência no Porto.
 O objetivo principal é a angariação de fundos para o restauro da Igreja.
A visita que foi realizada na última sexta-feira permitiu conhecer a estação de metro do Campo 24 de Agosto - Mijavelhas - e espaços da Senhora da Hora, incluindo as sete bicas que deram o nome a uma estação.
A atividade teve, como sempre, muita adesão e foi orientada pelo professor Joel Cleto.
Parte do percurso foi feito de metro - do Campo 24 de Agosto à Senhora da Hora.
Uma boa maneira de conhecer melhor espaços públicos e muita(s) da(s) sua(s) história(s).

Em Mijavelhas - Porto
Portão da antiga fábrica dos carrinhos - Senhora da Hora
Ruínas de parte da antiga fábrica
As sete bicas que deram o nome à estação de metro
Imagens da capela junto à fonte