sábado, 5 de janeiro de 2013

Le pain des autres

 
Rémi parle avec sa grand-mère.
Rémi aime bien l’écouter parler du temps où elle était une petite fille.
— Dans mon village, en Provence, pour la nouvelle année, le 1er janvier, tout le monde offrait toujours un cadeau à tout le monde. Devine un peu ce que cela pouvait être ?
Rémi cherche :
— Acheter des cadeaux pour tout un village… Il faut beaucoup d’argent. Les gens étaient donc riches ?
Mémé dit en riant :
— Mais non, en ce temps-là, nous avions bien peu d’argent et personne dans le village n’achetait de cadeaux. Il n’y avait même pas de magasins, comme aujourd’hui.
— Alors, vous les fabriquiez, les cadeaux ?
— Pas vraiment !
— Alors, comment faisiez-vous ?
— C’était très simple. Écoute…
Autrefois chaque famille faisait son pain. Il n’y avait pas d’eau courante dans les maisons. Alors on allait en chercher à la fontaine sur la place du village.
Et le 1er janvier tôt le matin, à peine la nuit finie, la première personne qui sortait de chez elle posait un pain frais sur le rebord de la fontaine, pendant que sa cruche se remplissait d’eau. Celle qui arrivait après prenait le pain et en déposait un autre à la place
pour la suivante et ainsi de suite… Comme cela, dans chaque maison, on mangeait un pain offert par quelqu’un d’autre. On ne savait pas toujours par qui, mais je t’assure que le pain nous semblait bien bon parce que c’était comme un cadeau de l’amitié. Les gens qui étaient fâchés pensaient qu’ils mangeaient peut-être le pain de leur ennemi et c’était un peu comme une réconciliation…
Durant quelques jours, cette histoire a trotté dans la tête de Rémi.
Un matin, Rémi eut une idée.
Il a glissé dans sa poche une tranche de pain de campagne. C’est le pain qu’on mange dans la maison de Rémi. Et à l’école, juste avant la récréation, Rémi a posé le pain, bien en vue sur le bureau de Philippe, son voisin. Philippe a toujours faim et il répète sans cesse à Rémi :
— Ah ! ce que j’ai faim, mon vieux, ce que j’ai faim ! Je mangerais bien un petit quelque chose !
Quand Philippe a vu la tranche de pain, quelle bonne surprise ! Il savait bien qui la lui avait donnée, mais il a fait semblant de rien savoir. À la récréation, tout content, il a mangé le pain sans rien dire à Rémi, mais…
…mais le lendemain, qu’a trouvé Rémi sur sa table, juste avant la récréation ?
…un morceau de baguette !
Un gros morceau bien croustillant ! Un vrai régal !
Philippe riait.
Et ils ont continué, comme ça, à se faire des cadeaux de pain.
En classe, Charlotte et Sylvie sont assises juste derrière Philippe et Rémi. Elles ont, bien sûr, très vite appris l’histoire du pain, et ont voulu participer aux surprises. Le lendemain, Sylvie a apporté un morceau de pain ficelle et Charlotte une tranche de pain de seigle. D’autres enfants ont voulu participer aux cadeaux de pain.
Il y a eu du gros pain, du pain bâtard, du pain au son, du pain de mie, du pain de ménage, du pain de gruau, du pain russe, noir et un peu aigre, que Vladimir a apporté, et des morceaux de galette que la maman d’Ahmed a cuite dans son four, et encore bien d’autres pains.
Ainsi, presque toute la classe, pendant la récréation, s’est mise à échanger des morceaux de pain.
La maîtresse a remarqué les échanges et a demandé :
— Mais, que faites-vous là ?
Charlotte et Rémi lui ont raconté toute l’histoire du pain des autres.
Et juste après la récréation, qu’y avait-il sur le bureau de la maîtresse ? …un morceau de pain !
Toute la classe regardait la maîtresse. Elle a souri puis elle a mangé le pain.
Et le dimanche suivant, quand Rémi a vu Mémé, c’est lui qui avait une histoire à lui raconter.
— Tu sais Mémé ? Et bien, dans ma classe… 

Michèle Lochak 
Le pain des autres 

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Corações (também) de papel





Uma questão fora do tempo

Lembro-me bem dela. Era uma aluna estudiosa, responsável, mas não queria (por timidez?) ler os seus textos para a turma. Eu dizia-lhe: tenta ler, verás que és capaz. Com o tempo, foi modificando. Deixei de a ver desde o 12º ano.

Ontem, encontrei-a na rua. Trazia, nas mãos, sacos com compras do supermercado. O diálogo foi mais ou menos assim:

- Olá, professora!
- Olha a D., estás boa? Que estás a fazer?
- Estou na tropa.
- Na tropa? 
- Sou das melhores da minha especialidade.
- Parabéns. E estás a gostar? 
- Mesmo muito. Estou cá de férias e na próxima semana volto.
- Há alguns anos não te imaginaria de farda.

  (Mete a mão ao bolso, tira o telefone e mostra uma fotografia dela fardada. Sorri com um sorriso alto e bonito). 

- Um dia destes, eu e o M.vimos à escola para a professora nos ver fardados. O M. está no Kosovo. Também é um dos melhores do grupo.

(Ponho-lhe uma questão, se calhar, fora do tempo:)

- E os rapazes? Tratam-te bem?
- A mim? Claro, eu mando em mais de metade deles!

(Sim, a questão estava fora do tempo).


quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Frutos de janeiro


terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Propósitos para o Ano Novo

 Álvaro Marques
 
Hoje, logo de manhã, abri o computador. Vi que "O diário da Mariana" teve a preferência nos últimos dias. Deve ter sido sobretudo pelas visualizações do grupo de alunos que o seguem. Um beijinho, meninos, e prometo que a Mariana escreverá mais vezes pensando em vocês (O Silva lá estará e muitos mais, mais ou menos implícitos ou explícitos, porque, como sabem, em ficção, junta-se muito do que é real a uma parte que é imaginada).

Entrei também em dois blogues que sigo habitualmente: Carruagem 23 e Dona Redonda
Pois bem, do primeiro ficaram-me as músicas e o mar, belo começo para primeira manhã do ano 2013.
Do segundo,  retive uma lista de propósitos.

Sem querer copiar, mas como gostei muito das ideias, aqui vão também algumas das minhas intenções para o Novo Ano, embora a idade já me tenha ensinado que a vida nos traz muitas surpresas e muitos imprevistos.
- andar mais a pé;
- falar menos e ouvir mais;
- olhar mais para o presente e futuro e menos para o passado;
...

É melhor ficar por aqui, porque se forem muitos os compromissos, muitos ficam por cumprir.

E, com propósitos ou sem eles, façamos todos de propósito para que o Ano de 2013 Seja Mesmo Feliz para Todos. Bom Ano!

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Feliz Ano Novo!

Ela saiu de casa logo pela manhã, em véspera do Ano Novo. Chegou ao Porto ainda não eram nove horas. A cidade estava sonolenta, cinzenta, húmida, solitária. 
No café Guarani, viam-se, pela vidraça, as mesas já postas para o almoço, sobretudo de muitos turistas. Uma mulher jovem limpava o chão. Mais acima, um barbeiro ensaboava a cara do cliente.  O café Aviz foi a paragem para o pequeno almoço. Ela tinha lá estudado algumas vezes, há muitos anos. Pela janela, viu uma gaivota a pousar por momentos sobre um carro, uma mulher de saltos muito altos a passar pesando os passos, uma jovem à janela à procura de rede para o telemóvel...
Saiu, aconchegando-se com a gola do casaco que aquecia e sempre protegia da chuva miúda. Subiu em  direção à Praça dos Leões. Mais uns passos e entrou na igreja do Carmo. Recordou visitas de estudo ao Porto Barroco. Esta igreja era quase sempre referência. Lá dentro, umas dez pessoas rezavam - quase todas de cabelos brancos. 
Em frente à Universidade, passou por lojas antigas, que ela se habituou a ver desde que tinha consciência de ver. Entrou numa delas, pequenina, com peças de pano de múltiplas cores, novelos de linha...
Nesta loja, haveria chita de certeza. Sim, temos. Pode escolher. Deste lado é popeline mas faço o mesmo preço. Oh, sim, este artigo agora vende-se muito bem. Há muita gente desempregada que faz muitos trabalhos para vender.
Entra uma senhora muito idosa na loja. Parece presença habitual, mas o tempo parece pouco para conversas. D. Maria de Jesus, agora estou muito ocupado. Não, este jornal não é de hoje. Boas entradas, D. Maria de Jesus. Venha para a semana e eu já terei mais tempo para falar. 
Desce os Clérigos. Repara nas montras. Numa, com roupa de cama, pode ler-se num pequeno letreiro junto a uma mantinha: "Extremamente confortável".  Uma mulher varre o passeio em frente a uma loja e limpa o visor da caixa Multibanco (talvez só a tenha tocado com esta função). Aproxima-se um homem de cabelos brancos e compridos. Falam. Tem de ser. Lá por ser final do ano, tem de se trabalhar na mesma, ora e(i)ssa!
É quase meio-dia. E se fosse almoçar à Império? Os rissóis são "extremamente saborosos".
Senta-se a uma mesa. Vem a empregada. Olham-se e surpreendem-se. Já foi minha professora de Francês. Bem me parecia que a estava a conhecer. Então, está tudo bem? Há quanto tempo!
Ela, saindo, entra de novo nas ruas da cidade de que tanta gosta e que raramente percorre assim devagar. Lembra-se com tristeza  do que ouviu há dias: "às vezes, tenho saudades do Porto. Quem me dera poder ir lá outra vez". 
Chega a casa. Faz  rabanadas. E gostaria de a todos desejar: Feliz Ano Novo!

domingo, 30 de dezembro de 2012

Diário de Mariana



30 de dezembro 2012

Oh, querido diário, nem sei como começar.  Um colega meu disse-me, com ar de gozo, antes de as aulas acabarem: ”és muito criativa!” Mandou-me esta boca, porque lhe respondi à letra. Eu acho que há pessoas que pensam que podem dizer tudo e os outros têm de medir muito bem as palavras. Isso é que era bom!

Gostava de te escrever de forma diferente, sei lá, descobrir uma cena gira, mas não consigo. Tem de ser assim, porque escrevo muita coisa que sinto, mas não posso dizer tudo. Fui educada a ouvir muitas vezes: Mariana, porta-te bem. Mariana, tem juízo. Mariana, vê lá o que dizes. Mariana, vê lá o que fazes…

Um dia que tenha filhos, acho que não vou estar sempre a dar tipo conselhos. Há tantas coisas diferentes para dizer!

O meu Natal também não foi muito diferente dos outros mas foi fixe. Somos muitos à mesa, falamos muito, rimo-nos, damos e recebemos prendas. Tenho umas primas pequenas que são o máximo. Gostam de cantar e de contar anedotas. São altamente e muito alegres. 
Acho que nos devíamos rir mais uns para os outros. Disse isto à minha mãe e ela disse logo: ó Mariana, deixa-te de risota e anda mas é ajudar-me. E, pronto, lá fui eu, porque assim podia continuar a dizer coisas engraçadas e a rir-me.

A minha mãe fez uns corações de cartolina e com bocadinhos de pano colados para pôr na mesa. A família reparou e ela ficou contente. Eu tinha visto a minha mãe fazer os corações e fiz dois também. Um para lhe dar, em tons de azul, e outro em vermelho para o Gi, mas só lhe mostrei a ele e não disse nada a mais ninguém. A gente não pode dizer tudo, não achas, querido diário?
Depois, lembrei-me que as minhas irmãs também gostavam e fiz um para cada uma e escrevi: “amo-te muito, maninha”.

Eu acho que se pode dar prendas quase sem gastar dinheiro. O Gi deu-me uma agenda que ele fez para eu escrever quando me apetecesse. Gostei tanto que até demos um beijo mais demorado. Mesmo assim, eu olhava para todos os lados, porque não gosto destas cenas quando há gente a passar.

Pronto, hoje não digo mais nada, mas sabes, querido diário, fico pensativa por estar a acabar o ano. Também é bom pensar no que começa e no que termina, porque a vida é mesmo assim. Será que um dia será diferente?

Um abracinho, querido diário.

Mariana


O último domingo do ano

Hoje é o último domingo do ano. Parece que vai chover. Passou o período de maior frenesim. Desejou-se Feliz Natal com mais largos ou curtos sorrisos. Deu-se e recebeu-se (bom seria que todos o tivessem podido fazer). Reviram-se e abraçaram-se familiares e amigos que são parte de nós. Muitos embrulhos se fizeram, com carinhosos ou obrigatórios laços. Muitas dessas embalagens já estarão em contentores com papéis e restos indistintos. Duraram pouco mas embelezaram o momento.
Agora, repetimos os desejos de Bom Ano Novo. Nos aeroportos e estações dos comboios são as despedidas depois das rápidas estadias.
Apesar de apreciar a rotina diária, que julgo motivadora, considero que estas fases da vida são necessárias. Implicam a reorganização também de nós próprios. Apesar da correria, há também paragens, momentos de reflexão e de um pouco mais de atenção ao que nos rodeia. 
Vejo nas notícias que há aviões cheios de turistas portugueses que vão passar o Ano Novo no Dubai. Logo vem a frase habitual: "apesar da crise..."
Hoje é o último domingo do ano de 2012. E parece que vai chover. Nas lojas dos Centros Comerciais continuará a haver muitas trocas de presentes. Os saldos em letras e números garrafais e garridos gritam e chamam. Uma oportunidade quando as oportunidades vão diminuindo. Muitas crianças farão birra porque ficam fartas do ruído e de ver montras de lojas onde muitos pais param mas não podem entrar.
O mar fará o seu movimento habitual, apesar de todas as suas diferenças. Casas haverá em que sobraram coisas que é preciso arrumar quando o tempo também sobrar; noutras, continuará a faltar tudo cada vez mais.
E muito mais acontecerá, porque pouco se pode prever. 
Hoje, último domingo do ano, como em qualquer outro dia, vêm à memória as palavras de  Sérgio Godinho: "Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida...".


sábado, 29 de dezembro de 2012

Ontem falámos de escadas rolantes

Em muitas escadas ou tapetes rolantes, é comum verem-se pessoas que barram a passagem, esquecendo que outros têm necessidade de se deslocarem mais depressa. 
Assim, veem-se barreiras com um par de namorados que se beija; pessoas a conversar animadas e distraídas; grupos que nem se movem sem reparar sequer em quem vem atrás...
Também já tive estes comportamentos algumas vezes. Julgo que só comecei a encostar-me à direita quando, viajando, vi que, noutros países, quase toda a gente tinha o hábito de o fazer e que era bom para todos que assim acontecesse. Deste modo, quem quer ir mais devagar pode fazê-lo; quem quer ou precisa de andar mais depressa tem o espaço livre.
Lembro-me de ver, numa manhã e numa belíssima estação de metro em Moscovo, as pessoas subirem as escadas à pressa, refilando com quem se mantinha à esquerda, impedindo a passagem.
As viagens ensinam muitas coisas, mas também aprendemos com o uso dos bens que, felizmente, estão acessíveis a todos e que existem em qualquer cidade.
Por que será que, muitas vezes, só nos lembramos do que nos apetece na hora, esquecendo a vontade e as necessidades dos outros?
Ontem falámos de escadas rolantes, mas, se calhar, é preciso falar mais vezes.

Le bonhomme de neige


Dimanche matin.
Colin ouvre l’œil et s’étire. Une curieuse lumière blanche filtre à travers les fentes des persiennes. Dans la rue, les voitures font en passant un drôle de bruit assourdi. Au contraire, on dirait que les voix résonnent plus fort que d’habitude. On entend des bruits de pelle.
Colin se lève d’un bond. Il court à la fenêtre et pousse les persiennes avec fracas.
— Il neige ! Il neige ! Marion, lève-toi ! Nous irons tous au bois faire un bonhomme de neige, papa l’a promis !
Papa, Colin et Marion ont fait un énorme tas de neige. Ils lui ont donné la forme d’un bonhomme, et maintenant ils regardent leur travail, tout contents. Ils ont bien chaud, ils ont les joues rouges. Le bonhomme est superbe. Ils se mettent à tourner autour de lui en chantant. Chacun à son tour invente une chanson.
Papa :
Bonhomme, mon bonhomme,
Remue ton corps de neige,
Donne-nous donc la main
Pour danser avec nous.
Marion :
Bonhomme, ami bonhomme,
Si tu savais marcher
Comme marchent les hommes,
On irait se prom’ner.
Colin :
Bonjour, monsieur Bonhomme,
Nous t’invitons, bonhomme,
Prends tes jambes à ton cou
Et viens vite avec nous.
— Oh ! Ça rime tout cela, dit papa, j’ai des enfants poètes, bravo ! Allons, il est cinq heures, la nuit tombe, il faut rentrer.
— Quel dommage de laisser ici ce beau bonhomme, dit Colin.
— Je voudrais rester jusqu’à ce qu’il fonde, dit Marion.
— Nous reviendrons mercredi voir s’il est encore là, dit Colin.
§
Papa et maman doivent aller chez des amis ce soir. Colin et Marion sont très fiers car ils vont dîner et passer la soirée tout seuls.
— Surtout, dit maman en les embrassant, n’ouvrez la porte à personne et ne vous couchez pas plus tard que neuf heures et demie.
— C’est promis, disent Colin et Marion.
Colin réchauffe le potage. Mmm… la bonne soupe ! Et Bisule, le chat, apprécie sa pâtée.
Comme ils faisaient la vaisselle, Colin et Marion ont entendu sonner à la porte. Ils se sont regardés inquiets, et, grimpé sur un tabouret, Colin a collé son œil au petit trou magique qui permet de voir les visiteurs.
Aussitôt, il a poussé un cri de joie. Vite, il est descendu de son perchoir, il a ouvert la porte… au bonhomme de neige !
— Bonsoir, dit le bonhomme.
Colin et Marion, fous de joie, sautaient autour du bonhomme de neige.
Mais Bidule ne lui a pas fait très bon accueil. Il s’est dressé sur ses quatre pattes, le dos arqué, son poil s’est hérissé, il a lancé un “miaou” agressif, puis il est allé se réfugier sur le haut d’une armoire.
Le bonhomme de neige a joué avec Colin et Marion aux petits chevaux, aux dominos, au train électrique. Marion lui a présenté ses poupées. Mais le jeu le plus formidable a été celui des cosmonautes. Colin, Marion, et le bonhomme se sont installés dans un grand carton, la fusée.
Colin tenait un volant imaginaire. Et c’est Marion qui a donné le signal du départ :
— 6, 5… attachez vos ceintures… 4, 3… attention, préparez-vous… 2, 1, 0… partez !
La fusée est partie dans un bruit terrible de brroum, rrrang, tch, you-ou… Tout les trois criaient :
— Je vois les étoiles qui s’approchent !... Je vois les cratères de la lune !... Je vois le drapeau américain !... Je vois le drapeau chinois !
— Hé ! Les Chinois ne sont pas allés sur la lune !
Bidule le chat s’est réveillé et est descendu de son armoire pour voir ce qui se passait. La fusée a ralenti pour le prendre au passage et il a consenti à y monter.
À neuf heures et demie, on a entendu une clé dans la serrure… C’était la voisine qui venait voir si les enfants étaient sages et leur dire de se coucher.
Marion pouffait de rire : la tête que ferait la dame si elle découvrait le bonhomme de neige dans la fusée !
— Bonsoir, madame Fontaine, ont-ils dit. Nous allons nous coucher. Nous ne ferons plus de bruit.
Et la voisine ne se douta de rien.
Après le départ de madame Fontaine, Colin et Marion se sont préparés à se coucher.
— Je vais te faire un lit par terre, bonhomme, avez des coussins et des couvertures.
— Oh non, dit le bonhomme de neige, je trouve qu’il fait trop chaud ici. Il me semble que je fonds déjà un peu. Je ne voudrais pas mouiller le tapis ou le plancher. Je préfère coucher à la cuisine, directement sur le carrelage, je serai plus à l’aise.
— Moi, je trouve que tu es froid, dit Marion en l’embrassant. Bonsoir ! Dors bien !
§
Sept heures et demie.
Maman appelle Colin et Marion.
— C’est l’heure ! Levez-vous, mes enfants !
Colin soupire, se retourne.
La pensée du bonhomme de neige lui revient brusquement.
— Oh, maman ! Nous avons passé une si bonne soirée avec le bonhomme de neige !
Maman rit.
— Tu rêves encore, je crois.
— Oh non ! dit Colin.
Il se précipite à la cuisine.
Marion, qui s’est réveillée aussi, le suit.
Il n’y a pas de bonhomme de neige. Seulement une petite flaque d’eau.
Colin et Marion sont sûrs qu’ils n’ont pas rêvé. Le bonhomme de neige a dû repartir passer la journée au bois.
Que voulez-vous qu’un bonhomme de neige fasse toute une journée dans un appartement ?…
Maïlé ; Philippe Salembeci
Le bonhomme de neige
Paris, Casterman Jeunesse, 2006
fc@histoiresafairerever.c

Enquanto é Natal


quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Uma "medalha" de Natal

Desde que foi minha aluna, há uns seis anos, escrevia sempre um postal de Natal. Também enviava, por escrito, as Boas Festas a outras professoras. Não o fez, porém, nos dois últimos Natais. Pensei: bem, é natural, agora ninguém escreve cartas a ninguém. A não ser com contas do telefone, da água, da luz, do Seguro, do Banco, dos impostos...

Pois, neste Natal, a S. escreveu de novo. Um postal grande e cheiinho de palavras. Tinha concluído a licenciatura e o mestrado, enquanto trabalhava em part-time. Estava muito feliz, porque tinha arranjado trabalho na sua área de formação e estava muito contente com o que fazia.

Dentro do postal, uma fotografia sua: uma jovem bonita, risonha, na sua capa de estudante. Tudo em papel. Para olhar, tocar, aproximar, guardar...

Vou responder-lhe com um postal que tentarei, eu própria, fazer. Talvez não escreva tanto como ela escreveu, mas dar-lhe-ei os parabéns, dir-lhe-ei que mensagens assim são as principais medalhas dos professores. Escreverei também que pessoas como ela dão ânimo ao país, ao contrário de alguns políticos que, coitados, "não sabem nem sonham". 
E o pior é que são eles que se enchem de medalhas.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Sur le chemin de Noël

L’hiver était revenu, et avec lui la neige qui tombait à gros flocons. L’eau ne coulait plus dans les torrents gelés, les oiseaux ne chantaient plus. Ils attendaient, blottis dans les arbres, la tête cachée sous l’aile.
Un vent glacial soufflait, et chacun restait chez soi, assis au coin du feu.
Le bruit courait dans le pays que le seigneur d’un royaume lointain cherchait un hébergement pour son fils.
Siméon, un riche marchand de la ville, en avait entendu parler. Il vivait seul avec sa femme dans une grande demeure.
« Ce roi viendra sûrement chez moi, pensait-il, ma maison est la plus belle du pays ! »
Et il guettait, sur le pas de sa porte, l’arrivée du carrosse royal.
Mais la rue restait sombre et déserte.
L’épouse de Siméon entra dans le salon. Elle marchait avec peine, le dos courbé, appuyée sur une canne. Ses jambes la faisaient souffrir. Elle portait un bougeoir qu’elle déposa sur la table.
« Une seule bougie, c’est bien trop peu ! dit son mari d’un ton de reproche. Allume toutes les lanternes de la maison et déposes-en une à chaque fenêtre. »
« Pourquoi tant de lumière ? » s’étonna la femme.
« Parce qu’un roi va venir chez nous ! expliqua Siméon. Il faut que notre maison puisse se voir de loin dans la nuit. S’il loge ici, nous recevrons une belle récompense. Voilà pourquoi tu dois illuminer nos fenêtres. Dépêche-toi ! Et ensuite, prépare un bon repas, digne d’un roi. Allez, va ! »
Au prix de gros efforts, la femme fit le tour de la vaste demeure et éclaira chaque fenêtre.
Elle atteignait la dernière pièce lorsque quelqu’un frappa à la porte.
Lentement, elle alla ouvrir. L’homme qui entra portait un vieux manteau élimé et des chaussures trouées.
« Je vous salue, dit-il. Pouvez-vous héberger mon fils pour la nuit ? Il fait si froid dehors. »
L’étranger avait l’air d’un mendiant, et pourtant son visage resplendissait. Ses yeux brillaient d’un étrange éclat qui semblait venir du plus profond de son âme.
Mais Siméon ne le remarqua pas. Il ne voyait que les guenilles du pauvre homme.
« Va-t’en ! dit-il. Nous ne logeons pas de mendiants chez nous ! »
« Ma récompense sera grande, dit l’étranger. Et elle vaut plus que tout l’or et toutes les richesses de ce monde. »
Siméon éclata d’un rire moqueur : « Et où caches-tu tes trésors ? Sous tes haillons peut-être, ou bien dans ton vieux sac troué ? »
Sa femme, cependant, retira son châle et le tendit au mendiant. Elle lui donna aussi une miche de pain et une tasse de lait.
« C’est tout ce que je puis t’offrir », murmura-t-elle.
« Merci à toi ! » dit l’étranger. Puis il prit la canne sur laquelle elle s’appuyait et la déposa près de l’armoire. « Désormais, tu n’en auras plus besoin », ajouta-t-il avant de disparaître dans la nuit. Un halo de lumière l’enveloppait.
La femme se sentit soudain délivrée de ses souffrances. Ses jambes ne lui faisaient plus mal. Elle se redressa et fit quelques pas.
« Tu marches comme avant ! s’exclama Siméon ébahi. Et ta canne ? »
« Je n’en ai plus besoin ! dit-elle d’une voix tremblante. C’est un miracle. L’étranger m’a guérie... »
« Un mendiant qui fait des miracles ? Allons, tu dis des bêtises ! » gronda Siméon.
« Cet inconnu répandait une étrange lumière... poursuivit-elle. C’est lui, le Roi, j’en suis sûre, mais un Roi venu d’ailleurs... »
Siméon devint pensif. L’inconnu avait parlé d’une récompense qui valait plus que tout l’or et toutes les richesses de ce monde. Et il venait d’accomplir un miracle... alors... Siméon comprenait enfin !
« Qu’ai-je fait, misérable que je suis ! s’écria-t-il. Vite, il faut que je le retrouve ! »
Il enfila ses bottes et son manteau, puis sortit en courant.
Il ne neigeait plus. Le vent glacial avait dégagé le ciel maintenant parsemé d’étoiles.
Dans le silence de la nuit, Siméon entendit une voix qui l’appelait dans le lointain. Mais il ne vit personne. Découvrant des traces sur la route, il se mit à les suivre et descendit vers l’église. Là, il rencontra une femme qui pleurait.
« Qu’as-tu donc ? » demanda-t-il.
« J’ai froid ! » gémit la vieille.
Alors, pris d’un vrai remords, Siméon lui donna son manteau.
Puis il continua son chemin, suivant les traces dans la neige.
Un peu plus loin, il aperçut un jeune garçon qui sanglotait. Lui aussi souffrait du froid, sans chaussures sur la terre gelée. Ses pieds étaient tout écorchés.
Siméon enleva alors ses bottes fourrées et les donna à l’enfant.
« Siméon ! » appela à nouveau une voix. Elle semblait plus proche que la première fois, mais il ne vit toujours personne. Les pieds nus, il reprit sa route, guidé par les traces dans la neige.
Plus loin encore, il passa près d’un vieil homme qui tremblait, assis au pied d’un arbre. Il n’était vêtu que d’une simple chemise. Siméon défit sa veste et en couvrit les épaules du mendiant.
Il sentait maintenant lui aussi la morsure du froid sur sa peau nue. Alors, pour la troisième fois, quelqu’un l’appela.
« Siméon, dit le Roi, tu as su franchir toutes les épreuves qui se trouvaient sur ton chemin. Continue de suivre ainsi la voie que je t’ai tracée et tu arriveras devant une pauvre cabane. Tu y trouveras mon fils couché dans la paille d’une crèche. Il t’attend. »
Siméon obéit.
Et les traces dans la neige le menèrent jusqu’à une étable.
Un Enfant y était couché dans la paille d’une crèche, comme le Roi l’avait dit.
Une grande lumière éclairait les lieux, et une douce chaleur y régnait, une chaleur qui réchauffa Siméon jusqu’au plus profond de son âme. Il sentait un immense bonheur l’envahir et une grande paix emplir son cœur.
Alors, tombant à genoux, il se mit à prier.
Et l’Enfant lui sourit.
Anneliese Lussert ; Loek Koopmans
Sur le chemin de Noël
Namur, NordSud, 1995
(Adaptation)