Hoje cheguei à cozinha
E não ouvi o pássaro cantar
Nem esvoaçar na gaiola
Nem baloiçar de alegria
Jazia inerte no chão frio da gaiola
De olhos abertos mas não para a vida que eu queria
Há semanas que somam tristezas
A vida das palavras foge várias vezes
Gravando solidões
No emaranhado triste da interpretação
Do que é dito e do que é calado
E há amanheceres assim
Chega-se à cozinha
Desejando o cheiro a café acabado de fazer
E vê-se um pássaro morto na gaiola
Como ir ao encontro de um abraço
E ouvir um grito surdo de desilusão
Abri a janela.
Para um possível e último voo do pássaro
Levado nos braços carinhosos de um anjo
Fiquei a olhar pela janela
E esqueci - me do café quente.
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