terça-feira, 23 de abril de 2024

Os dias têm várias estações, mas não só do tempo!

 

Hoje de manhã cheguei à cozinha e não vi o canário a saltar ou a baloiçar-se alegremente, como de costume. Fiquei triste. Jazia no chão da gaiola. Vivia cá em casa desde a morte da minha mãe. Tinha vivido na casa dela longo tempo. Talvez tivesse morrido de velhice. Nunca gostei de gaiolas, e hoje muito menos. Disseram-me há pouco com um sorriso: Foi ter com a antiga dona. E o sorriso, que também é consolo, soube-me bem. E revi as mãos da minha mãe a pôr bocadinhos de miolo de pão ou pedacinhos de maçã na grade da gaiola.

Ainda tenho bem presentes as imagens de ontem, na Biblioteca da Escola Filipa de Vilhena, no Porto, onde apresentámos, a Cristina Pinto e eu, o nosso livro das Fadas a duas turmas do sétimo ano de escolaridade. Os miúdos mostraram agrado, interagiram, mostraram curiosidade sobre os materiais, etc. Foram momentos bons e felizes.

Sempre que posso, não consigo desligar-me das notícias. E hoje, tal como ontem à noite, fala-se muito dos nomes escolhidos, pelos diferentes partidos, para cabeças de lista das próximas eleições europeias, mas de quem se fala mais é do jovem comentador, atualmente na SIC, para representar o partido do governo. Ainda não tem 30 anos, não tem experiência política, mas são-lhe apontadas virtudes como a da inteligência. E achei piada ao primeiro ministro afirmar que Sebastião Bugalho representa na perfeição os jovens que decidem ficar em Portugal. Porém, acrescento eu, afinal também querem mandá-lo para fora! 

Nunca sabemos como começa, decorre e termina o dia. Espero ver, logo às 8 da noite, na RTP 3, o programa ‘Os filhos da madrugada’ da Anabela Mota Ribeiro. Os convidados nasceram perto do 25 de Abril de 74 e falam da sua experiência de vida. São documentos interessantes e ainda mais nos dias que correm. Para lembrar também que os dias têm diferentes estações e, felizmente, podemos falar delas!


4 comentários:

  1. Olá Maria Dolores, a gente lembra-se sempre de alguma coisa dos entes queridos que nos deixaram, desde um pequeno gesto, um dito, um prato que gostavam muito de comer, etc, etc. É bom a gente dedicar uns instantes a quem já partiu, embora não saibamos se são reconhecidos por isso. Gosto de pensar que sim.
    Gosto do Sebastião e cedo lhe reconheci génio e capacidades invulgares. Acima de tudo, a tal inteligência que todos falam. Agora não sei se está à altura de cumprir este novo desafio. Acho-o também um pouco narcisista, pois em vários debates entre comentadores, envaidece-se com a subtileza dos seus próprios argumentos e olha para os adversários para ver o efeito que causou neles e gosta de terminar como toureiro a sair da arena a arrastar a capa.

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    1. Também partilho do seu gosto em lembrar momentos dos que partiram mas continuam próximos na nossa memória.
      Tal como lhe acontece a si, acho piada ao comentador S.B. e dou muitas vezes comigo a reconhecer a sua capacidade de argumentação, sendo ainda tão jovem e a selva política que percorre muito vasta. Porém daí até exercer um cargo europeu, na minha opinião, vai uma grande distância, porque, que se saiba, nunca teve nenhum cargo político.
      Achei graça, Joaquim, ao fascínio que acha que ele sente por si próprio. É natural porque é elogiado pelos mais diferentes setores e, apesar de ser com certeza, estudioso e trabalhador, todos os momentos lhe devem parecer uma festa. Com o tempo, aprenderá, com certeza, a olhar- se nas águas mas com cuidado para não cair facilmente nelas.
      Bom fim de tarde, Joaquim

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  2. Ola M.dolores .como me lembro desse canario ,que tua mãe tanto gostava bjs

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  3. Sim, tive muita pena, quando hoje de manhã o vi sem vida. Acho que o tratei sempre bem, e quero acreditar que morreu de velhinho. Agora até me surgiu um texto, em forma de poema. Não gosto muito de partilhar coisas tristes, mas se calhar, vou mostrá - lo, porque as alegrias são muito importantes, mas nem só elas existem, como todos sabemos.
    Um abracinho muito carinhoso

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