Ela tem um quintal. Não é grande, mas suficiente para ter umas hortaliças, umas árvores, uns espaços com relva...
Cada vez gosta mais do quintal. Até arranjou um bocadinho a que chama o jardim da Clarinha para a neta que vive em Londres e que, por causa da pandemia, este ano não o verá. E para outros netos que poderão vir.
Pois bem, resolveu fazer uns arranjos para que tudo ficasse mais bonito e funcional. Abriu os cordões à bolsa (não sabia era que lhe meteriam a mão no bolso) e chamou um jardineiro que já conhecia de uns pequenos trabalhos. Combinaram o preço.
- Sim, aqui fica bem pedra pequena com tela por baixo para evitar as ervas daninhas. Aqui planto relva...
Chegou o dia em que a carrinha trouxe os materiais. Onde haveria pedra foi lançada casca de pinheiro (por acaso, até gostava mais, mas é muito mais barata) sem a tela, como havia sido combinado e que se usa sempre nestes casos.
Não via a tal relva para plantar. Pensou que estaria mais escondida. Passado pouco tempo, vai ao quintal e vê que a relva, afinal, estava a ser semeada, o que é bem mais barato.
O rosto fechou-se-lhe mas a boca abriu-se e disse o que achava que tinha de dizer ao jardineiro desonesto, que muito adaptou, menos o preço.
Ele virá reparar algumas coisas, e eu - porque disse ela, mas foi comigo que se passou - terei de reparar melhor que, de facto, há muitas pessoas em quem não se pode confiar. De facto, já tinha idade para ter juízo.
Resta-me uma esperança: que Trump perca as eleições!
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