Ainda nem sequer se falava na atual pandemia, os pais foram com a menina à National Gallery, em Londres, onde aos domingos de manhã se conta(va) uma história, gratuitamente, numa das belíssimas salas do museu, a partir de um quadro lá exposto.
Junto da obra de arte, escolhida para a sessão, havia uma carpete, que a contadora disse ser mágica, e que foi desenrolada pelas crianças para se sentaram, voltadas para ela e para o quadro.
Como quase todas as histórias, começou
assim: Once upon a time... (Era uma vez...).
E as crianças iam imaginando o que a contadora de histórias ajudava a adivinhar com palavras, bem claras e bem pronunciadas, e objetos que tirava de um cesto, iguais aos da pintura: longos e coloridos mantos acetinados, uma grinalda, um escudo de defesa...
A menina de três anos estava na fila da frente. E, tal como os outros meninos e meninas, tocava os objetos. E experimentava-os. E sentia-os. E fixava a contadora de histórias. E seguia com atenção o enredo mágico também contado na tela colorida.
Ouvindo também a história, a mãe olhava a filha. Apetecia fotografar tanta
atenção, mas não o fazia, para seguir a recomendação de não fotografar as crianças presentes.
Já na rua, a menina continuava a contar a história para si própria, repetindo gestos que tinha presenciado.
E a mãe fotografou este quadro, para si o mais belo.
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