Monet
Gostava de o visitar quando era pequena. Eu morava junto a uma casa muito antiga onde os meus avós maternos tinham vivido e onde haviam nascido os seus treze filhos. Era uma casa de lavoura, com uma grande varanda onde havia uns bancos compridos que só eram usados ao domingo. Na parte de baixo da casa, havia bois, porcos, galinhas, coelhos...
A minha irmã e eu gostávamos de ir brincar para essa casa. Não na varanda, nem na cozinha, nem nas divisões da casa, porque a azáfama era sempre muita e não havia tempo para se tolerarem brincadeiras de crianças.
Brincávamos no alpendre ou no palheiro. Aqui, o chão era de madeira esburacada, mas os buracos estavam tapados pela palha.
Como o telhado do palheiro era apenas apoiado em traves de madeira, quando havia vento, ouvia-se o seu assobiar e bocados de palha saltitavam também. No inverno, a chuva entrava pelas frestas e a palha ficava molhada como se tivesse andado à chuva.
Quando a palha estava bem seca, gostávamos de correr e de saltar, porque, mesmo que caíssemos, a palha amortecia qualquer queda.
Um dia, uma de nós, correndo sobre a palha, enfiou um pé num dos buracos do palheiro. A partir daí, éramos mais cuidadosas, andando mais devagar e sobre tábuas mais seguras.
Porém, foi tal o susto, ao perceber que havia buracos no palheiro, que ainda agora sonho com ele.
No sonho, a minha irmã e eu aparecemos com o bibe que contava, bordada em cores garridas, perto da bainha, a história da carochinha.
Felizmente há momentos da nossa infância que não caem em buracos.
No sonho, a minha irmã e eu aparecemos com o bibe que contava, bordada em cores garridas, perto da bainha, a história da carochinha.
Felizmente há momentos da nossa infância que não caem em buracos.
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