sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A broa quente de 6ª feira


Todas as sextas-feiras, telefona e pergunta: estás em casa? Chega pouco depois, com broa quente que ele próprio retira de um forno onde há muitas outras para outros tantos clientes.
Faça sol ou faça chuva, o hábito é sempre cumprido: trazer broa quente à 6ª feira.
Que bom, estou a cozer bacalhau com batatas... Vê como está quentinha. E aproxima da mão que recebe.
E fica contente com o ritual. Sexta-feira em que não haja broa, por qualquer razão, quase pede desculpa. Desculpa, hoje não há broa. Que desconsolo. Se calhar estavas a contar. Outras vezes, traz a mais. Assim, podes dar à tua amiga que mora perto de ti. Hoje, já provei a broa, está mesmo boa. É que nunca fica igual. Amanhã, vou levar para uns amigos que param no mesmo café. Não há melhor. Mesmo já com alguns dias, continua a ser boa. Experimenta pôr no grelhador e um pouco de manteiga nas fatias quentinhas. É de comer e chorar por mais.
Diz com um sorriso e levantando os óculos com os movimentos do próprio nariz: gosto mesmo da 6ª f por causa deste manjar. Ai que maravilha.
E sai dizendo ainda: come enquanto está quente. Come um bocadinho enquanto está quente. Sabe mesmo bem.

Quem disse que ter hábitos programados leva à monotonia? Experimente-se a broa quente de 6ª feira e o que é monotonia passa a ser sabor e desejo.

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