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Todos os sábados, pelas duas da tarde, fechava a porta, descia a rua e dirigia-se ao pequeno cabeleireiro habitual. Entrava, sorria, saudava as cabeleireiras e as clientes habituais, sentava-se, abria o fecho éclair de uma malinha de plástico, tirava de lá o tricot ou o crochet e começava a tecer o seu trabalho. Uma cabeleireira trazia-lhe um banquinho para pôr as pernas. De outra forma, como seria difícil voltar para casa; ai, assim é bem melhor. Obrigada e que mãozinhas quentinhas e macias.
Num tempo de menos confusão, as cabeleireiras arranjavam o cabelo branco de D. Carolina. Sempre de risco ao lado e esticadinho. Está bem melhor assim, Faty. Não gosto que os meus netos me vejam mal arranjada. Não quero parecer mais velha.
Voltava a sentar-se e retomava o seu trabalho manual. Pelas cinco horas, empurrava, devagarinho, o banquinho, punha os pés no chão, arrumava o trabalho no saquinho de plástico, levantava-se e regressava a casa. As cabeleireiras davam-lhe o braço até à porta, porque, depois de estar tanto tempo parada, os primeiros passos de D. Carolina eram bem mais difíceis do que os primeiros que deu quando o seu cabelo era loiro e aos caracóis.
Pela rua acima, recordava os assuntos que ouvira. Um dia, chegou a contar as clientes que viu serem penteadas. As que eram delicadas, as que contavam a sua semana como se estivessem a escrever numa agenda de horas marcadas...
Muitos dos temas até os esquecia depressa.A renda ou a malha também não aumentavam por aí além, mas a tarde de sábado era a preferida de D. Carolina. Nem dava pelo tempo passar.
Era assim todos os sábados. E nem era preciso pôr lembrete no frigorífico.
Muitos dos temas até os esquecia depressa.A renda ou a malha também não aumentavam por aí além, mas a tarde de sábado era a preferida de D. Carolina. Nem dava pelo tempo passar.
Era assim todos os sábados. E nem era preciso pôr lembrete no frigorífico.
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