quarta-feira, 25 de abril de 2012

Festejando o dia em que "A Poesia saiu à rua"

Maria Helena Vieira da Silva

25 DE ABRIL

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo


                         Sophia de Mello Breyner Andresen
 
 

Pátria

Por um país de pedra e vento duro
Por um país de luz perfeita e clara
Pelo negro da terra e pelo branco do muro

Pelos rostos de silêncio e de paciência
Que a miséria longamente desenhou
Rente aos ossos com toda a exactidão
Do longo relatório irrecusável

E pelos rostos iguais ao sol e ao vento
E pela limpidez das tão amadas
Palavras sempre ditas com paixão
Pela cor e pelo peso das palavras
Pelo concreto silêncio limpo das palavras
Donde se erguem as coisas nomeadas
Pela nudez das palavras deslumbradas

- Pedra rio vento casa
Pranto dia canto alento
Espaço raiz e água
Ó minha pátria e meu centro

Me dói a lua me soluça o mar
E o exílio se inscreve em pleno tempo.
Sophia de Mello Breyner Andresen



2 comentários:

  1. ACINZENTADA DEMOCRACIA

    Do cravo em pedra,
    foi-se a rubra cor.
    Sem sangue na terra,
    secou o vigor.

    Da revolução,
    a memória fica,
    lembrando a canção...,
    o povo que grita...,

    a arma a dar flor...
    Renovado o tempo,
    nascida a manhã,
    no sopro do vento,

    a sã liberdade
    esvai-se na idade.

    Em dia cinzento,
    vejo um monumento:
    voam as gaivotas
    só no pensamento.

    No duro betão,
    há ondas de mar
    plantadas no chão,
    subidas ao ar.

    Com fénix em cinzas,
    Esperança, vinhas...

    http://carruagem23.blogspot.pt/2012/04/em-dia-feriado.html

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  2. Como hei de responder
    A poema tão sentido?
    Não, não deixemos desaparecer
    O caminho pretendido!

    Um abraço!
    M.

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