Era uma tarde de verão. A luz entrava pela janela batendo, quente, nas cortinas de linho branco. A sala estava sossegada. Ele sentou-se no sofá e olhou demoradamente a estante com os livros escritos por Camilo Castelo Branco.
Camilo, um belo homem de mil paixões. Ousado e audaz. Criativo e concretizador. Como gostava de o ter conhecido pessoalmente. De poder convidá-lo a sentar-se na sala à qual deu o seu nome. De ouvi-lo respirar. De partilhar com ele muitas histórias. De dizer que o amava como um ser ama os seres que admira.
Desde novo foi cimentando a paixão por Camilo. Não muito habituado a receber ou a dar-se prendas, ia à Feira do Livro, no Porto, e comprava romances desse autor. Era o mais belo presente anual. Numa das primeiras folhas, escrevia o nome da mulher que amava com letra grande e bem desenhada. Punha também a data, esticando as barras que separavam o dia, o mês e o ano. Os livros seriam pertença dos dois.
Se Camilo o tivesse conhecido, talvez escrevesse um romance sobre ele. Para além de assunto, teria uma mesa e um cadeirão.
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