terça-feira, 2 de agosto de 2011

É noite e o dia é de agosto


Apesar de já ser agosto, muitos professores têm ainda trabalho de correção de exames e elaboração de relatórios. Muito trabalho é desenvolvido em casa, longe do toque áspero da campainha, mas pressente-se cansaço. Daqui a um mês, o ano letivo estará a começar. Os alunos chegarão à escola com legítimas e ruidosas expectativas. E, apesar da alegria de muitos reencontros, apetecerá, com certeza, um pouco mais de silêncio. Tê-lo-emos?

Este ano, a correção de exames foi para um grupo de professores, do qual felizmente faço parte, um tempo amigável e bom. Durante vários dias, houve troca de ideias e de opiniões, perante questões concretas, para que o trabalho comum de correção fosse mais eficaz. E descobriram-se ainda mais capacidades nos colegas, o que a todos enriquece. O tempo em que o professor abria os seus conhecimentos só quando fechava a porta da sala de aula pertence ao passado. Atualmente, a exposição é maior, a necessidade de estudo é permanente, mas mais sustentada e tranquila será a desejada felicidade.

Com as inúmeras atividades letivas e não letivas no horário dos docentes, nem sempre descemos (ou subimos?) ao pormenor com os nossos pares, na preparação das atividades escolares. A correria é grande e curto o tempo de trabalho comum. Estamos, muitas vezes, rodeados de pessoas e, mesmo assim, sentimo-nos sós. E nem reparamos que os outros também podem estar a sentir o mesmo. E eu, professora em final de carreira, digo para mim que é preciso dizer não a muitas coisas para dizer sim a outras de forma mais cabal. Vou ver se (ainda) consigo.

Dia 3 de Agosto, muitos professores entregarão as provas já corrigidas. Conferidas as grelhas, muitos corretores sentirão o que experimentam os atores no final de uma peça trabalhosa. Porém, no teatro, as cadeiras são ocupadas por pessoas que dão a conhecer as suas reações de imediato. As provas de exame, sem nome e sem cabeçalho, são como uma multidão em papel. Em breve, o resultado será afixado nas escolas e o que era anónimo passa a ter um rosto cujos olhos revelarão alegria ou tristeza.

Boa noite e que Agosto traga novos e bons dias!

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