sábado, 27 de agosto de 2011

O desenho (im)perfeito

Há tempos, um professor da UC pediu um texto a várias pessoas sobre recordações da escola. O que lhe enviei foi o que se segue.

Esta semana, uma amiga perguntou-me: então, quando é que falas de Mariana? Para já, posso dizer que ela acha que ainda é muito cedo para voltar à escola. Diz que não teve tempo para saborear o verão!!!


Nunca tive jeito para o desenho.

Um dia, a minha professora da 4ª classe mandou as alunas – nesse tempo, as raparigas estavam separadas dos rapazes – desenhar uma caravela. Estudávamos os Descobrimentos e haveria uma pequena exposição dos trabalhos produzidos pela turma.

Tal como todas as meninas, fiz o meu desenho. Ficou imperfeito. Dei-lhe os retoques que sabia e podia. Continuava autêntico mas longe da perfeição.

Chegou o dia da exposição – que foi feita pela professora sem a intervenção dos alunos. Na parede exterior da sala de aula, víamos as mais diversas embarcações. Procurei a minha, não a encontrava. Olhei melhor, continuava sem a descobrir. Foi então que saltou aos meus olhos uma bela caravela com o meu nome. A professora, sozinha, tinha-a aperfeiçoado tanto que eu quase não a reconhecia. O mesmo espanto vi no rosto de outras alunas.

Olhando aquelas embarcações tão perfeitas, passaram a navegar mais dúvidas nos olhos das meninas cujo desenho deixou de ser o seu.

2 comentários:

  1. E não é que eu já fiz o mesmo a alguns textos dos alunos... Ih ih ih!

    (Só de saber que lhes dei uma nota e que, às tantas, eles me vão dizer que o texto já não é o deles, vou parar de fazer 'tal cousa').

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  2. E eu, Vítor, as vez que também já o fiz? E farei, com certeza. A diferença é que os alunos não são apanhados de surpresa. E explicamos-lhes as razões. O eduquês pode ter trazido alguns malefícios, mas ajudou no diálogo dentro e fora da sala de aula. Porém,muitas coisas não eram feitas porque ainda não tinha chegado o tempo de as fazer.
    Mas quanto à minha professora, era uma belíssima professora. E marcou-me muito pela positiva. Queria à viva força que eu continuasse a estudar. E gostamos sempre mais de quem gosta de nós e em nós acredita.
    Um abraço
    M.

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