segunda-feira, 8 de junho de 2020

Às vezes ri, às vezes chora...

Elas eram três. Três irmãs. Tinham tido muitos irmãos. Que se foram ausentando. Que se foram aproximando. Que foram morrendo. 
A velha casa, onde todos nasceram e cresceram, foi enfraquecendo como qualquer ser humano que vai precisando de ajuda.
Por isso, a casa foi sendo cuidada e reparada e protegida...
E ainda mais quando só ficaram as três irmãs. Muito mais novas do que a casa, mas que na casa foram envelhecendo.
E como a vida na terra não é eterna, ficaram duas. E pelo mesmo motivo, ficou só uma. A que era mais forte, apesar do corpo frágil. E que passou a não ter força para se pôr de pé sozinha. E que passou a precisar de ajuda quando era ela que sempre ajudava. Para que nada faltasse à casa e a quem nela vivia.
A cama, junto a uma janela, conserva a mesma cortina de linho. Da janela vê o céu. E os campos. E as outras casas antigas da aldeia que foi ficando cada vez mais só, triste e abandonada. E as casas altas da vila lá ao longe.
Não se queixa de nada, dizem que é resiliente ou que tem momentos de demência.
Âs vezes, levanta a cabeça que o corpo não ajuda a segurar. Às vezes ri, às vezes chora...
Ainda tem tanta coisa para recordar!

2 comentários:

  1. Bom dia:- Uma resenha de vida que, oxalá, chegue a todos nós... a velhice.
    .
    Boa semana
    Cumprimentos

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