sexta-feira, 18 de maio de 2012

Verticalidade

       
 a Bernardo Sassetti
 
ébrio da melodia do vento
que lhe dedilhava
o rosto
a melena caída a intervalos
sobre a objetiva
apeteceu-lhe beber
o azul
apanhá-lo na lente
guardá-lo para além da retina
para mais tarde recordar
quiçá
tocando…

não deu pelo vazio
sob o pé

no compasso
do sem passo
as mãos abriram-se
dedilhando o azul do vento
ausente o cinza-ocre da falésia…

não morreu
voou!

agora
toca para os outros anjos
que lhe invejam
as mãos 
ciano puro!

IA,
Porto, 13 de maio 2012

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