quarta-feira, 16 de maio de 2012

Cores de Haikus


Wendy Moore

Cores de haikus:
 Registo de pequenos momentos do quotidiano
- uns pela observação do presente,
  outros pela lembrança do passado.




A menina a correr
Ganhava asas no cabelo

O menino segurava na mão o poema que tinha escrito
E as palavras faziam-lhe festas nos dedos

A trepadeira do muro enleou-se no silvado
E os picos estranharam a maciez das outras folhas

A ameixoeira caiu.
Não aguentou tantos frutos.
O tronco estava frágil e o vento foi mais forte

A romãzeira tem flores laranja
Que dão romãs rosa

A flor de laranjeira
É neve perfumada suspensa nas folhas em concha

O meu avô sabia compreender a razão das nuvens.
E tinha tempo para explicar o que sabia.

Descobri a olaia
Quando um menino a pôs num poema.
Olhai-a, dizia ele

As boninas são florzinhas
Que enfeitavam os muros da minha infância.

A mãe sorriu e a família
 repercutiu o eco
 
A rosa vermelha trepava no muro cinzento
Em busca de luz mais clara

O pai deu a cara
Mas o filho deu-lhe um beijo

As buganvílias parecem flores enormes
Pela junção das pequeninas

A menina pegou no búzio
E hoje, mulher, ainda ouve o som.
 

 



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