Merse
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Naquele «pic-nic» de burguesas, Houve uma coisa simplesmente bela, E que, sem ter história nem grandezas, Em todo o caso dava uma aguarela. Foi quando tu, descendo do burrico, Foste colher, sem imposturas tolas, A um granzoal azul de grão-de-bico Um ramalhete rubro de papoulas. Pouco depois, em cima duns penhascos, Nós acampámos, inda o sol se via; E houve talhadas de melão, damascos, E pão de ló molhado em malvasia. Mas, todo púrpuro, a sair da renda Dos teus dois seios como duas rolas, Era o supremo encanto da merenda O ramalhete rubro das papoulas.
Cesário Verde
Nota:
Tantas sensações neste poema: visuais, olfativas, tácteis, gustativas...
Muitos poemas também contam histórias.
E mostram muitos dos sabores de coisas simples e belas.
Que dariam coloridas "aguarelas".
Os olhos de Cesário Verde, que viveu no século XIX, ainda guiam e as suas palavras continuam a pintar.
Só os génios o conseguem.
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quarta-feira, 23 de maio de 2012
De tarde
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Este poema conheço e gosto muito dele :)
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