sábado, 26 de maio de 2012

A Origem do Mundo


Klimt


De manhã, apanho as ervas do quintal. A terra,
ainda fresca, sai com as raízes; e mistura-se com
a névoa da madrugada. O mundo, então,
fica ao contrário: o céu, que não vejo, está
por baixo da terra; e as raízes sobem
numa direcção invisível. De dentro
de casa, porém, um cheiro a café chama
por mim: como se alguém me dissesse
que é preciso acordar, uma segunda vez,
para que as raízes cresçam por dentro da
terra e a névoa, dissipando-se, deixe ver o azul.


Nuno Júdice, Meditação sobre Ruínas"
  

Nota:
A IA fez anos. O normal são os aniversariantes 
receberem prendas.
Mas como ela é, claramente, generosa, enviou 
um postal de fim de semana aos amigos (prática habitual). 
E lá vinha este poema de Nuno Júdice 
que ela me havia mostrado num manual. 
Eu tinha gostado logo do poema. 

Hoje, ao dar-lhe os parabéns, recordou-me: 
olha que já o enviei.

Parabéns pelo teu aniversário. 
E pelo Mundo de Generosidade que partilhas.

 

1 comentário:

  1. Dolores,
    Não há palavras que "agradeçam" ou "agraciem" as tuas. Essa minha generosidade de que falas não é assim tão altruísta. No fundo, mando aquilo de gosto e o momento de prazer que vivi enquanto fazia o postalito!
    Como vês há uma boa dose de egoísmo!

    Um beijinho e obrigada por tudo!
    IA

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