Nasce mais
uma vez,
Menino Deus!
Não faltes,
que me faltas
Neste
inverno gelado.
Nasce nu e
sagrado
No meu
poema,
Se não tens
um presépio
Mais
agasalhado.
Nasce e fica
comigo
Secretamente,
Até que eu,
infiel, te denuncie
Aos Herodes
do mundo.
Até que eu,
incapaz
De me calar,
Devasse os
versos e destrua a paz
Que agora
sinto, só de te sonhar.
Miguel Torga
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