quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Naquela noite


O que ela mais pediu foi que “naquela noite” não ficasse sozinha. Claro que gostava de ficar com a filha mais velha, mas podia ser a mais nova, um dos filhos ou um dos netos.
Ainda faltava um mês, e ela já falava “naquela noite”. Parecia ser um marco do tempo presente. Como ia fazer noventa anos, repetia que o futuro dela seria apenas um bocadinho a mais para além do tempo que estava a viver. Talvez pela idade avançada, “aquela noite” era muito importante. Se tivesse a companhia da filha mais velha, podia queixar-se de alguma dor, porque teria logo uma massagem que a aliviaria.
E foi, então, a filha mais velha que resolveu fazer-lhe companhia naquela noite. Quando acordaram, a velha mãe ficou contente com o beijo que a filha lhe deu  e, sorridente, desejou-lhe um Feliz Natal!

4 comentários:

  1. Gostei muito de o Naquela noite.
    um beijinho
    Gábi

    ResponderEliminar
  2. Talvez um bocadinho triste, mas o final um bocadinho mais feliz.

    Um beijinho
    M.

    ResponderEliminar
  3. É muito importante termos alguém para quem falar, especialmente nos dias do ano que têm alguma importância. Nestes dias a solidão é muito triste, não é que seja bom nos outros dias, mas nos dias especiais esta torna-se mais triste, vazia e por vezes assustadora.

    ResponderEliminar
  4. Concordo completamente. Quem tem o seu trabalho tem de o conservar; a vida vai sendo mais longa...

    O problema dos velhos julgo ser grave. Muito já tem sido feito, mas ainda haverá muito a fazer.

    Feliz Ano Novo!

    M.

    ResponderEliminar