Obrigada, IA, por este livro.
deste livro. Para mim, é claro.
O título dos capítulos contém sempre palavras da primeira frase da página. Resolvi fazê-lo também para iniciar este texto, apesar de não gostar de imitações. Talvez por não saber muito bem como começar. Mas vamos a isso, porque palavra puxa palavra...
A história, ou melhor, as histórias passam-se num Oriente, muitas vezes imaginado. Uma espécie de Mil e Uma Noites, em que muita coisa é criada e recriada e nos deixa atentos e fascinados como os olhos das crianças quando gostam do que estão a ler ou a ouvir.
É um romance poético, que gostei de ler com um lápis na mão porque há muitas e muitas frases que apetece sublinhar. Ou porque são sábias, ou porque são belas, ou porque são encantatórias, ou porque são surpreendentes...
Destaco algumas personagens: um menino que viveu com o seu pai biológico e outro menino que foi adotado, um homem mudo e que é um grande poeta, a mulher de um homem que o abandona, um homem que tem uma fábrica de tapetes e que às vezes não sabe como tecer a sua vida, uma mulher que quer casar e que anseia por uns sapatos de salto alto...
E nas quase seis centenas de páginas, intercaladas de imagens a preto e branco, há temas como o amor, a infância, a traição, a morte, o abandono, a alegria, a guerra, o poder, o questionamento, o prazer, a religião e tantos outros que se vão entrelaçando. E só quem tem
um grande fôlego de escrita, de conhecimento, de estudo, de imaginação consegue realizar um livro assim.
Os nomes das personagens parecem estranhos, embora uns mais do que outros: Bibi, Elahi, Salim, Isa, Badini, Nachiketa Mudaliar, Aminah, Azizi...
E tantas e tantas outras personagens - às vezes pessoas, outras vezes, uma espécie de marionetas - num universo que, próximo ou distante no espaço e no tempo, seduz o leitor, porque caminham entre o real e o imaginário.
Deixo um excerto, de entre tantos que poderia salientar.
Antes disso, deixem-me dizer que o autor - Afonso Cruz - nasceu em 1971, na Figueira da Foz e já recebeu muitos prémios literários. Para além de escrever, é ilustrador, músico, cineasta, produtor de cerveja e, se calhar, muita coisa mais (tantos talentos, meu Deus).
O excerto que escolhi tem a ver com o título do livro: PARA ONDE VÃO OS GUARDA-CHUVAS
Boas leituras e, sobretudo, feliz fim de semana. Com ou sem guarda-chuva(s).