Eu tinha escrito há pouco uma história em que entrava a personagem de Félix, um homem de meia idade, de porte largo e alto, cabelo forte, mãos possantes e sorriso generoso. Ainda a personagem parecia viver dentro de mim, fui passar uns dias a Londres.
Talvez por ter pensado durante bastante tempo na construção dessa figura, de quando em vez, nos mais variados lugares por onde eu ia passando, deparava com pessoas que se assemelhavam a Félix. Achava natural que assim fosse, estivesse eu onde estivesse, porque as personagens que criamos têm sempre um fundo de verosimilhança humana, logo, tal podia facilmente acontecer. Por isso, durante a minha estada em Londres, não era raro eu ir na rua ou entrar em qualquer outro sítio público e deparar com um homem com os mesmos traços que defini para Félix. Quando uma determinada pessoa, que me parecia revelar traços do "meu" Félix, se afastava, eu sorria para mim e também para mim dizia: Bye, Mr Félix.
Como gosto dos arredores calmos das cidades, numa manhã, apanhei o metro e fui até Camden, mas não fiquei pelo centro mais cosmopolita e movimentado, preferi caminhar pelas ruas menos frequentadas, ver pessoas que davam sinais de morarem naqueles lugares; ou porque transportavam sacos de compras, ou porque estavam a conversar com vizinhos, ou porque passeavam os cães, ou porque empurravam carrinhos de bebé como se viessem dos infantários e regressassem a casa... Assim, fico a conhecer melhor a vida real à volta das cidades e não apenas a que pulula no centro urbano mais procurado.
Dado que o tempo estava cinzento e fresco, resolvi caminhar e ir até ao Camden Ars Centre, um pequeno centro de arte, em Hampstead, cuja imagem tinha visto no mapa e que logo me atraíra. Vi que era um edifício antigo, não muito grande e cujas tonalidades acastanhadas das paredes exteriores se enquadravam no espírito do lugar.
Sim, fui até lá.
(Amanhã, continuo a contar. Oxalá voltem).
Realidade ou ficção? Eis a questão.
ResponderEliminar.
Uma semana feliz … Cumprimentos
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Há sempre uma parte de ficção e outra de realidade. Não acha?
ResponderEliminarUma boa noite.
Concordo na íntegra. Gostei de ler o texto, acreditando que tenha sido muito agradável o seu passeio por zonas fora do centro da cidade.
EliminarFeliz Ano Novo de 2022
Cumprimentos poéticos
Obrigada, Ricardo. O mesmo lhe desejo para este Ano Novo.
ResponderEliminarQuanto ao passeio da história, ainda vai continuar. Por outros caminhos, talvez. Mas não muitos.
Uma noite boa e descansada.
pois então cá a esperamos.
ResponderEliminarBoa noite e até amanhã.