O dia do casamento foi esplendoroso. A chegada da noiva,
no seu vestido alva e longamente bordado, fez esquecer a longa espera dos
convidados. Os pés deixaram de doer pelo aperto dos sapatos altos e as gravatas
já não pediam o alongamento do pescoço em busca de algum alívio.
Belo casal. Belas fotografias tiradas dentro e fora da
igreja. O que era difícil era escolher a mais bela pela luz e pela captação dos
sorridentes momentos.
A mãe da noiva gostou tanto de uma fotografia que
resolveu encaixilhá-la e oferecê-la ao casal. Ficaria num lugar bem visível da
casa.
Os dias passaram, os meses também e já se contavam três
anos de casamento. Três anos é pouco tempo, mas é muito quando se fecham todos
os sorrisos e desaparecem os motivos para uma espera compensadora.
Como as discussões não abrandavam nem as palavras se
adoçavam, o casal optou pela separação. O melhor era cada um seguir a sua vida
e para isso era preciso que os teres e haveres fossem divididos. Alguns foram
devolvidos à procedência.
Assim sendo, um dos primeiros objetos a ser retirado da
casa foi a fotografia. Nem mais. Ele iria levá-la já a casa da ex-sogra, que a
tinha emoldurado e oferecido. Como a senhora não estava em casa, o ex-genro
deixou o objeto. Esteve para escrever e juntar um bilhete, mas não o fez,
porque disse, de viva voz, ao ex-sogro que, atendendo à separação, gostaria de
devolver a oferta. Que não levassem a mal, mas nenhum dos dois queria guardar a
fotografia e não queriam destruí-la.
Três dias passaram. Ao abrir o mail, o ex-genro viu uma
mensagem da ex-sogra, onde se lia que aceitava a devolução da fotografia,
porém, fazia questão de uma coisa importante: ele tinha de lhe pagar o dinheiro
que tinha gasto no caixilho!
E está tudo dito no último período!
ResponderEliminarE não é só o valor do dinheiro que ali, no caixilho, está em causa...
Tantas outras coisas... até porque todos nós gostamos de encaixilhar a nossa vida, principalmente os momentos bons, como se isso impedisse que eles nos escapassem!
beijinho e une bonne rentrée!
IA
Obrigada, IAzinha.
ResponderEliminarPois, quase nada na nossa vida é linear e a fotografia que se escolhe para encaixilhar pode contar muitas histórias que começaram ou ... que chegaram ao fim.
Bisous et une bonne rentrée aussi.
M.