- Ver a exposição dos quadros de Miró;
- Parar um bocadinho nas diferentes salas e olhar, pelas largas janelas, o(s) verde(s) do parque;
- Percorrer os caminhos sob as árvores;
- Sentar-se na esplanada do Café do Parque;
- Despender algumas energias nos diferentes percursos porque a saúde e o parque valem a pena;
...
sexta-feira, 30 de setembro de 2016
quarta-feira, 28 de setembro de 2016
domingo, 25 de setembro de 2016
Coincidência?
Ontem à noite, falava ao telefone com uma amiga.
Tinha vindo a propósito a obra de Lídia Jorge.
Ela estava com o computador aberto e ia procurando textos da escritora.
Foi quando ouvi a chuva que caía com alguma intensidade.
No mesmo instante, leu-me o poema que aqui transcrevo.
Cai a Chuva no Portal
Cai a chuva no portal, está caindoEntre nós e o mundo, essa cortina
Não a corras, não a rasgues, está caindo
Fina chuva no portal da nossa vida.
Gotas caem separando-nos do mundo
Para vivermos em paz a nossa vida.
Cai a chuva no portal, está caindo
Entre nós e o mundo, essa toalha
Ela nos cobre, não a rasgues, está caindo
Chuva fina no portal da nossa casa.
Por um dia todos longe e nós dormindo
Lado a lado, como páginas dum livro.
Lídia Jorge, (Inédito)
sexta-feira, 23 de setembro de 2016
Também vem a propósito do post seguinte
Às vezes, fica uma certa dúvida: será que eles se lembram de nós ou estão apenas entretidos a falar de nós?
In Expresso Curto de hoje, a propósito do debate de ontem no Parlamento português
In Expresso Curto de hoje, a propósito do debate de ontem no Parlamento português
A aposta está nas novas gerações. Estará?
É crescente o número de políticos da Comissão Europeia que olham de frente para o dinheiro que podem ganhar com os conhecimentos que têm pelo cargo ocupado, deixando na retaguarda a ética e o interesse dos cidadãos.
É vê-los com pose de quem "tem sentido de estado" e que, muitas vezes, apenas pretendem pôr o estado em sentido para não os perturbar.
E o que é certo é que se criticam os jovens por não terem experiência de vida, mas se estes seguirem os exemplos à sua volta, tudo se torna bem pior.
Porém, também se conhecem casos de jovens que, ligados nomeadamente a juventudes partidárias, vão singrando na vida, o que não aconteceria sem essas ajudas que, mais tarde, vão ser bem pagas, dizendo bem dos líderes que os apoiaram e seguindo-os para que os privilégios de uns e de outros não se percam.
Quando eu era pequena, jogando à patela com outras crianças, e não concordando com as regras impostas, dizíamos: assim, não brinco e íamos fazer outra coisa qualquer.
Às vezes, apetece dizer e fazer a mesma coisa, perante esses políticos que amam vaidosamente o poder e todos os poderes que daí advêm.
É minha convicção que os media, as redes sociais - para além de muitos exageros - podem ir impedindo que o mal se alastre ainda mais. De facto, com a divulgação de casos comprometedores, os políticos poderão vir a assumir uma conduta menos egocêntrica e interesseira.
Perante o estado do mundo, se calhar ainda vai demorar várias gerações. Mais vale tarde...
sábado, 17 de setembro de 2016
Lugar comum: Uma vida
Obrigada |
Uma nova vida começava
As turmas de Francês eram muitas e enormes
Responder e questionar exigiam saberes organizados
Entrava na sala de aula e os olhos abriam-se
Não eram poucas as dúvidas
Tantas coisas aprendi com todos
A ajuda inicial de coordenador foi lição de vida
A ensinar Português, aprendi a amar mais as palavras
Não foram poucos os dias de descrença
Os cargos exercidos entusiasmavam muitos dias
Ser professor é um belo caminho nunca perfeito
terça-feira, 6 de setembro de 2016
As pessoas também se cansam
Há uns meses, no regresso de Londres e devido a grande atraso no voo, dirigi-me a um café no aeroporto de Gatwick. Era hora do almoço. Em inglês, fiz o pedido ao balcão, A funcionária que me atendeu logo me perguntou se eu era portuguesa. Porque ela também era. Com largos sorrisos, acrescentou que estava a trabalhar naquele café havia um mês e que reconhecia sempre as pessoas do seu país. Sobretudo pelos traços do rosto, acrescentou ela, sem nunca perder o alegre sorriso aberto.
Como ela era muito comunicativa, eu tinha tempo e não havia fila, falámos um bocadinho.
Ainda não conhecia Londres, porque o seu dia a dia era casa-trabalho-casa e tinha de descansar.
Mas queria conhecer a cidade quanto antes, porque a curiosidade era grande desde os tempos de escola.
Passados uns tempos, apanhando de novo o avião no mesmo aeroporto, fui tomar um café naquele espaço da zona da restauração. Logo avistei a portuguesa, baixinha e com o cabelo forte enroscado no cocuruto.
Quando chegou a minha vez, fui atendida por outro funcionário. Ela, ao lado, entregava os tabuleiros a uns clientes, com ar sério e concentrado, sendo indiferente aos meus traços portugueses. Como se já tivesse dado para esse peditório. As pessoas também se cansam.
A uma(s) boneca(s)
Se eu tivesse tido, Clarinha,
Uma boneca como a tua,
Seria muito feliz
A brincar em casa ou na rua.
Ficou na minha memória,
E lá sempre se mantém,
Uma boneca de papelão,
Oferecida por minha mãe.
Tinha o rosto redondinho
E os olhos pra mim olhavam;
Desfez-se em noite de chuva
Quando as fadas descansavam.
Também de trapos eu tinha
Bonecas que minha mãe fazia.
Gostava de as rever agora,
Perdida a inocente fantasia.
Clarinha, brinca muito,
Sempre que puderes brincar;
A vida passa depressa
E não a vemos passar.
Uma boneca como a tua,
Seria muito feliz
A brincar em casa ou na rua.
Ficou na minha memória,
E lá sempre se mantém,
Uma boneca de papelão,
Oferecida por minha mãe.
Tinha o rosto redondinho
E os olhos pra mim olhavam;
Desfez-se em noite de chuva
Quando as fadas descansavam.
Também de trapos eu tinha
Bonecas que minha mãe fazia.
Gostava de as rever agora,
Perdida a inocente fantasia.
Clarinha, brinca muito,
Sempre que puderes brincar;
A vida passa depressa
E não a vemos passar.
sexta-feira, 2 de setembro de 2016
Praça pública
O tempo estava londrino - cinzento e húmido. Era quase outono. Num largo, concentravam-se vários pubs, cafés, umas poucas lojas de roupa, outras tantas de solidariedade e que vendiam o que era doado para algumas instituições.
Também bem próximo, havia um pequeno supermercado que tinha o cognome de Essencial. Fora, havia uns bancos de jardim, onde os mais velhos se sentavam a ver quem passava ou a conversar com o companheiro ou companheira. Numa fase da vida em que o essencial contava bem mais do que o acessório.
Ora, nesse dia, num dos bancos, estavam sentadas duas mulheres, mãe e filha, parentesco logo pressentido pelas semelhanças físicas entre elas e pela grande diferença de idades.
Ambas eram bem robustas, tinham cabelos encaracolados e presos em rabos de cavalo. A mais velha usava roupas tão compridas que, sentada, quase lhe tapavam os pés. O cabelo era mais curto, mais grisalho e mais crespo do que o da filha, cujas roupas também eram largas e longas.
Como eram volumosas e tinham um saco grande do supermercado, ocupavam todo o banco. Foi quando a mais nova tirou frango do saco e as duas começaram a comer com vagar e aparente regalo. Quando terminaram, olharam as pessoas que passavam naquela pequena praça, uma a uma, tendo no rosto, cheio e corado, alguma dor por terem de ir para as águas furtadas, onde residiam e donde nem a rua podiam avistar. Na casa, havia uma mesa mas nela se instalava sempre a cinzenta e húmida solidão.
Também bem próximo, havia um pequeno supermercado que tinha o cognome de Essencial. Fora, havia uns bancos de jardim, onde os mais velhos se sentavam a ver quem passava ou a conversar com o companheiro ou companheira. Numa fase da vida em que o essencial contava bem mais do que o acessório.
Ora, nesse dia, num dos bancos, estavam sentadas duas mulheres, mãe e filha, parentesco logo pressentido pelas semelhanças físicas entre elas e pela grande diferença de idades.
Ambas eram bem robustas, tinham cabelos encaracolados e presos em rabos de cavalo. A mais velha usava roupas tão compridas que, sentada, quase lhe tapavam os pés. O cabelo era mais curto, mais grisalho e mais crespo do que o da filha, cujas roupas também eram largas e longas.
Como eram volumosas e tinham um saco grande do supermercado, ocupavam todo o banco. Foi quando a mais nova tirou frango do saco e as duas começaram a comer com vagar e aparente regalo. Quando terminaram, olharam as pessoas que passavam naquela pequena praça, uma a uma, tendo no rosto, cheio e corado, alguma dor por terem de ir para as águas furtadas, onde residiam e donde nem a rua podiam avistar. Na casa, havia uma mesa mas nela se instalava sempre a cinzenta e húmida solidão.
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