quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Dê-me aí o dinheirinho, devagar, devagarinho...

 

Há mais de vinte dias, perante o espanto do comum dos mortais, que seguiam as imagens e ouviam as notícias, houve aviões da Força Aérea que levaram várias dezenas de inspetores da PJ à Madeira investigar casos de corrupção. A intervenção do Ministério Público era justificada pelos fortes indícios. Houve três detidos, um dos quais o presidente da Câmara do Funchal.

Durante a investigação e nos dias que se seguiram, as televisões da Madeira e do continente transmitiam imagens sem fim. Mostravam, explicavam, referiam branqueamento de capitais, tráfico de influências, recebimento de dinheiros não justificados, etc, etc. de que os detidos eram acusados.

Os casos deviam ser muito graves - a montanha não podia parir um rato - houve demissões e longas audições, já em Lisboa, que demoraram dias e dias.

Os casos de corrupção divulgados eram muitos e eram graves. O Ministério Público pedia a prisão preventiva dos três arguidos. Perante as notícias, era o mais certo, pensava a grande maioria.

O mesmo não deviam pensar os advogados, pagos a peso de diamante, habituados a dissecar as acusações e as leis e a mostrar, airosamente, que, de facto, só os seus  clientes têm razão.

Hoje, ainda sem a decisão se há ou não eleições na Madeira, depois de muitos dias e noites, passado o Carnaval, o juiz decidiu que as portas se abrissem e os três detidos saíssem em liberdade. Para ele, nada havia a declarar contra os arguidos. Tudo explicaram, tudo justificaram. Estava tudo clarinho.

Nem sei se até acrescentou: desculpem qualquer coisinha!

Tudo isto é estranho. Muito estranho. Inquietante até. 

Pronto, o juiz decide, está decidido, mas o povo, no qual me incluo, ficou ainda mais confuso e nada, mesmo nada, convencido.

 

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