domingo, 25 de março de 2018

Os ramos de Os Ramos

Foto da net
Quando eu era pequena, a minha mãe fazia uns pequenos raminhos de alecrim e oliveira, que decorava com flores, tudo cultivado por ela no jardim da nossa casa. Lembro-me sobretudo da cor dos goivos e do seu perfume. Sempre que vejo goivos, lembro-me desses domingos, assim como os ligo à chegada da primavera.
Em grupo, íamos a pé até à igreja para benzer o ramo. Depois de benzido, era tradição ser colocado numa jarra, em casa, para apaziguar tempestades ou trovoadas.
Quando chegávamos ao adro da igreja, logo víamos as pessoas, cada uma com o seu ramo, habitualmente pequeno. 
No entanto, havia rapazes e homens, ligados à agricultura, que carregavam grandes ramos de oliveira ao ombro. Talvez aproveitassem partes da árvore que haviam sido podadas.
Aos meus olhos infantis, os troncos pareciam tão pesados como uma cruz e não encontrava explicação para aquilo. O tempo não era de grandes explicações e todos os anos o ritual se repetia.
Um dia, passados muitos anos, passei pelo adro da igreja, em domingo antes da Páscoa, e vi muita gente sem ramo e os que vi eram muito pequenos. Senti saudades dos grandes ramos de oliveira que via na minha infância.
Muito perto, estava uma vendedora de flores, entre as quais havia goivos. Aproximei-me para sentir o cheiro e ver melhor a cor. 
Quis acreditar que eram semelhantes aos que a minha mãe punha no nosso ramo em Dia de Ramos.


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