Mais uma vez reparei que nas ruas cresce o número de
turistas (apesar de há muito decrescer o número de moradores). E as casas vão
sendo recuperadas, reavivando os belos tons dos azulejos: amarelos,
azuis, ocres...
E, no programa, podia ler-se um poema do "mais
brilhante poeta do Al-Andalus, no século XI, e que nasceu em Beja", tal
como se podia ler no desdobrável do evento.
"Solta
a alegria! Que fique desatada!
Esquece
a ânsia que rói o coração.
Tanta
doença foi assim curada!
A
vida é uma presa, vai-te a ela!
Pois
é bem curta a sua duração.
E
mesmo que a tua vida acaso fosse
De
mil anos plenos já composta
Mal
se poderia dizer que fora longa.
Que
seres triste não seja a tua aposta
Pois
que o alaúde e fresco vinho
Te
aguardam na beira do caminho.
Que
os cuidados não sejam de ti donos
Se
a taça for espada brilhante em tua mão.
Da
sabedoria só colherás a turbação
Cravada
no mais fundo do teu ser.
É
que dentre todos, o mais sábio
É
aquele que não cuida de saber."
Al-Mu'tamid, séc. XI, in Adalberto
Alves, O Meu
Coração É Árabe (1987)
E os músicos - portugueses, espanhóis e marroquinos,
com as suas vozes torneadas e prodigiosas, transmitiam, de facto, uma forte
mensagem de paz e de pluralidades que tem de prevalecer e não os conflitos
políticos e religiosos que parecem estar cada vez mais presentes e próximos.
Pensando mais na morte do que na vida, ao contrário do que seria de esperar.
Pensando mais na morte do que na vida, ao contrário do que seria de esperar.
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