quarta-feira, 28 de março de 2018

As páscoas de A Páscoa

Foto da net
A nossa infância e juventude estão quase sempre presentes na nossa vida, para o bem e para o mal. Recordo-me, por isso, dos dias de Páscoa e das páscoas, umas flores pequeninas que brotavam em canteiros e jardins por alturas de abril ou maio.
Como também me lembro do compasso - um grupo de homens de fato e opa branca que entravam em todas as casas que estivessem dispostas a recebê-los e que eram todas ou quase todas.
 À frente, vinha o padre, presença que passou a ser ausência porque as vocações religiosas há muito escasseiam. Trazia uma cruz que era dada a beijar para celebrar a ressurreição de Cristo, por entre água benta e a palavra Aleluia.
Para se fazerem anunciar, um dos elementos do grupo tocava uma campainha. A grande maioria das pessoas não saía de casa, enquanto a visita pascal não se efetuasse. Às portas, eram colocadas flores e folhas que convidavam à entrada.
Quando eu era menina, havia muitas crianças que seguiam o compasso, correndo e saltando porque era grande a diversão. Como os habitantes de várias casas ofereciam ao grupo rebuçados ou amêndoas, a seguir, as guloseimas eram distribuídas pelas crianças. Recordo até que as atiravam ao ar e as crianças quase se acotovelavam para as apanharem. Confesso que não era muito bonito de se ver, como não eram outras coisas dos anos sessenta.
Era então por essa altura que as flores, a que chamávamos páscoas, iam aparecendo, muito delicadas e branquinhas. Nós, as meninas, apanhávamo-las e fazíamos raminhos que segurávamos nas mãos pequeninas enquanto jogávamos à patela ou corríamos pelos carreiros ou calçadas.
Onde vivo, ainda passa o compasso em domingo de Páscoa e há páscoas em muitos sítios. No entanto, existem menos casas abertas nessa data e as meninas e meninos quase não sabem o que é o jogo da patela.
Mas sabem outras coisas, por isso, não deixa de ser Páscoa, nem as páscoas deixam de renascer.

4 comentários:

  1. Está a querer parecer-me que não vai haver duas (paranomásias) sem três. Será?!
    ;)

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    1. Como não há duas sem três!!!
      Feliz Páscoa, Vítor!
      Um beijinho
      M.

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  2. Uma Boa Páscoa, Dolores
    um beijinho
    Gábi

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