quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Sete versus dezassete



Hoje, fui à escola para ver os resultados dos meus alunos do 12º ano que fizeram o exame da 2ª fase.

Fiquei contente, porque quase todos subiram a nota a Português. Digo “quase todos” porque um pequeno grupo não o conseguiu, apesar de dele fazerem parte alunos exemplares pelo estudo, pela atenção na aula, pela participação, pela atenção constante aos trabalhos escolares…

Quando assim é, temos pena, claro que temos pena e, em muitos casos, pode afirmar-se: ele/ela sabia para mais. No entanto, esse desabafo de pouco vale e o que conta mesmo é a nota que consta da pauta.

Também me prendeu a atenção o caso de um aluno que tinha tirado sete valores na primeira fase e, no exame de julho, obteve dezassete valores. Voltei a olhar. Acompanhei a linha com a ponta do dedo para confirmar que não havia engano.

Ocorreram-me, então, algumas questões:
- O que testam os exames?
- O que faz com que um aluno consiga subir dez valores de uma prova para outra, se se reitera que o grau de dificuldade das provas é idêntico?
- Na classificação das provas, interfere também o trabalho do corretor?

A prova da primeira fase continha, pelo menos, duas questões cuja formulação era ambígua. Na segunda fase, tal não ocorreu, de facto, mas continuou-se com a prática de o exame abordar apenas dois conteúdos literários quando são lecionados, ao longo do ano, mais do triplo.
O tema da composição, nesta segunda fase, era a “Fraternidade no mundo atual”. Embora pertinente, e também do ponto de vista formativo, é um tema que, apresentado deste modo, leva/levou, facilmente, à redação de textos de notória superficialidade.

Como professora, fiquei contente com algumas classificações e, neste caso, com o dezassete. Mas, se o aluno teve agora dezassete valores, por que razão só conseguiu sete na primeira fase, realizada no período de mais ou menos um mês?
Oxalá tenha sido porque houve mais estudo - sem a interferência da sorte ou do azar.


4 comentários:

  1. Boa tarde, quase um ano depois não resisti deixar algumas palavras neste que julgo ser um post infeliz. Há várias razões para justificar uma má nota num exame, desde os nervos até à "sorte ou azar", neste caso azar, dos conteúdos que saem. Mas só duas para justificar uma nota boa: ou estudou e de facto sabia, ou copiou. Nem vou desenvolver a segunda porque se tal aconteceu foi porque os seus colegas que vigiaram o exame são incompetentes.
    A meu ver, um aluno que tire 17 num exame é um bom aluno, é um aluno que consegue assimilar os conteúdos a leccionar. E com mais ou menos facilidade, num ou dois meses, assimilou-os. E não há nada que tire o seu mérito.
    Em primeiro lugar, como professora deveria saber que o grau de dificuldade das provas nem sempre é idêntico e, em segundo lugar, deveria ficar contente e não usar esse tom de crítica. Tomara que todos os seus alunos subissem de sete para dezassete e lhe dessem uma parte do mérito.
    Gostaria também de lembrar que o exame é marcado pelo GAVE não pelos alunos. E com isto quero dizer que quem sabe esse dia não fosse o melhor para o tal aluno, quem sabe ele nesse dia tinha tantos motivos para escrever mas a carga emocional não permitiram que convertesse tudo o que lhe ocorria num texto bem organizado e com as palavras certas. Ainda por cima, português que parece tudo ambíguo e não só aquelas duas perguntas que referiu.
    Ás vezes, os "alunos exemplares pelo estudo, pela atenção na aula, pela participação, pela atenção constante aos trabalhos escolares" têm azar, pode ser por parte do orientador, cingem-se tanto ao que o orientador quer que se esquecem que não é este quem faz o exame nacional e, por vezes, o que este pede e o GAVE pede não é nem parecido. Mas esperemos que esses alunos tenham azar por outros motivos, quem sabe se não serão os mesmo motivos do aluno naquela primeira fase. Mas há uma coisa que sei, é que na faculdade, os alunos exemplares pelo estudo, pela atenção na aula, pela participação, pela atenção constante aos trabalhos escolares que merecem a sua pena (pena essa que aquele 7 não recebeu) não tem valores a mais que aqueles que aparecem nos resultados. Então, afinal " o que testam os exames?" Testam mesmo o estudo e ainda bem que existem para mostrar o que se vale. E foi isso que o 17 mostrou, mostrou o que valia mesmo tendo alguém imparcial a avaliá-lo.

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  2. Obrigada pelo seu comentário. Mais vale tarde do que nunca. Tenho, contudo, pena de duas coisas:
    que não se tenha identificado e que este post esteja já tão recuado que pouco a gente leia as suas palavras..
    Eu concordo com muitos dos seus argumentos, porque, de facto, o exame é, muitas vezes, uma questão de sorte ou de azar.
    E, acredite, fiquei muito contente com o dezassete, como sempre acontece quando os meus alunos têm sucesso.
    Obrigada, de novo. Fico à espera de mais comentários seus.
    M.

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  3. Concordo, mais vale tarde que nunca... foi isso que me motivou a comentar.
    Não me identifiquei apenas por uma razão: não queria que isso fosse um factor para uma visão mais subjectiva dos meus argumentos. Não as escrevi para as audiências, mas se as quiser usar num post para que mais gente as veja tem o meu consentimento.
    Acredito que sim, mas não transpareceu da melhor forma. Colocar num local público algo particular sobre um aluno, ainda por cima nesse tom pouco amigável não é de certo a melhor forma de lhe dar os parabéns pelo seu sucesso.
    Confesso que se fosse eu o tal aluno me dava um certo prazer, ter uma nota boa e ainda criar uma certa perturbação no professor é feito que provavelmente já não vou fazer na vida.
    De nada, boas escritas.
    Catarina Jesus

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  4. Olá, Catarina
    Fiquei contente pela atenção ao meu blogue, que é simples e despretensioso. Escrevo por gosto e não para grandes audiências, que também não tenho nem pretendo ter.
    É curioso que não vejo esse tom "pouco amigável" no post, porque não tenho nenhum motivo para tal, pelo contrário.
    O que defendo é que muitas vezes os alunos são "vítimas" de diferentes circunstâncias que podem condicionar os resultados. Nada mais.
    Obrigada pelas achegas e até uma próxima oportunidade.
    M.

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