Fui ver “Gaiola
dourada” e gostei do que vi e ouvi. É um filme bem disposto.
O título,
francamente, não me agrada muito, mas, apesar de ser importante, não é o
essencial.
Já muito se
terá dito sobre o filme, o que facilita a vida a quem não é crítico/a de
cinema. Assim sendo, refiro alguns aspetos que me ficaram.
Gostei
particularmente das personagens representadas por Rita Blanco e Maria Vieira. A
primeira mostra a dedicação à profissão de porteira, em França, assumida com amorosa
verdade e dignidade. A segunda é a presença cómica que quase sempre existe nos
grandes grupos. A porteira revela mais sensatez, apesar de alguns exageros como
no jantar que oferece aos pais do futuro genro, francês, apresentando-se de
vestido comprido e servindo requintado prato que a ninguém apetecia. Rosa (Maria Vieira) é o nosso lado brejeiro, a
alegre topa-a-tudo que torna coloridos e desenrascados os ambientes.
Achei
pertinente a inclusão no filme de confusões que se fazem quando não se conhece
bem a localização geográfica do país e se tem apenas uma noção vaga de factos
culturais ou históricos. A francesa, mulher do patrão de José (Joaquim de
Almeida), marido de Maria, diz palavras em espanhol, querendo ser simpática e
mostrar que conhecia a língua portuguesa; oferece túlipas aos pais da futura
nora, julgando serem as flores da Revolução de Abril…
A vozearia no
convívio dos portugueses, em grupo, incluindo palavras da língua materna em
frases ditas em francês será um bom retrato de uma comunidade que vive muitos
dos problemas e alegrias em comum. Até uma prodigiosa herança que marcará o
regresso a Portugal, depois de muitas peripécias e dúvidas, porque também no país de
acolhimento se criam raízes.
Confesso que
nunca imaginaria o final da história numa belíssima quinta do Douro com paisagens
de fazer parar o olhar por socalcos e meandros impossíveis de desenhar.
Acabado o
filme, recebi até ao fim a música sempre encantatória de Rodrigo Leão.
Era notório que
havia muitos emigrantes na sala – pelos comentários que se ouviam. Não sei,
porém, se eram eles que se riam mais ao longo do filme. Um happy-end assim não
seria nada mau, embora, para muitos, só seja visível num mágico ecrã.
Gostei da
dedicatória do realizador (Ruben Alves): À
mes parents.
Não sei se te deram um bacalhauzinho (a lembrar "Les Deux Morues"), como no dia de estreia. O meu já está "congelado na Carruagem": http://carruagem23.blogspot.pt/2013/08/a-la-francaise-pois-entao-com-muito-de.html
ResponderEliminarBeijinho e continuação de boas férias.
Olá!
ResponderEliminarNão, não me deram nada. Vi o filme no Mar-Shopping, na semana passada. No dia da estreia devem ter dado tréguas à crise.
Mas, mesmo a seco, há no filme coisas engraçadas. O projeto "Les deux morues" é uma delas.
Beijinhos e continuação de uns bons dias de descanso
M.