sábado, 20 de abril de 2013

Diálogo à (muito preocupada) distância

 Imagem da net
- Filha, estás bem?
- Sim, mãe, estou bem. Estou em casa, porque não podemos sair por enquanto.
- Valha-nos Deus! E a rua está deserta?
- De vez em quando passa um carro. Ouve-se sobretudo a Polícia e as ambulâncias.
- E tens comida?
- Tenho, mãe.
- Tens pelo menos fruta e água?
- Tenho e já sabes que bebo água da torneira.
- E yogurts também tens?
- Eu ontem tinha ido às compras.
- Parece que estás impaciente. Não é costume. Estás com medo?
- Não, mãe, estou com dores de cabeça, porque acordei de noite com os ruídos.
- Ouviste os tiros?
- Sim, ouvi, mas nem sabia o que se estava a passar. O telefone tocou logo a seguir, porque em Londres deu logo a notícia.
- Minha rica filha! Fica então em casa e aproveita para descansar um pouco.
- Não posso, mãe, tenho muito que fazer.
- E alimenta-te bem, querida.
- Eu sei, mãe, e hoje nem precisas de dizer para ter cuidado a atravessar a rua!
- Estou tão preocupada, mas acho que tudo se vai resolver em breve.
- Era bom porque tenho muito que fazer.
- Quando tudo passar, compra alguma comida e congela.
- Ó mãe, não te preocupes tanto com a minha comida.
- Pois é, filha, quero que estejas bem.
- Também quero que estejas bem.
- Até logo, então.
- Até logo.
- Desliga tu primeiro...


Vejo na meteorologia que em Boston, hoje, vai chover e que amanhã, domingo,
haverá sol. A chuva não lavará todo o sangue e o sol para muitos não brilhará. 
Há dias maus, mesmo na história de cidades aparentemente calmas.

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