São belas as tardes mais livres. Sem cumprimento de tantos horários. Apetece repetir o verso de Pessoa: "Ai que prazer ter um livro para ler e não o fazer..."
Eu, que sou mais comum e mais mortal, direi: Ai que prazer ter um livro para ler e podê-lo fazer...
Fui ao quintal e reparei que as pétalas das margaridas parecem maiores e mais aveludadas com a luz do sol, que as tangerinas só existem nos ramos mais altos da tangerineira, que a salsa cresceu muito porque está a espigar, que as ervilhas têm ervilhas, apesar de os pássaros gostarem de comer as flores das ervilhas...
Que a terra ao sol tem reflexos da infância, quando corríamos pelos campos e as preocupações eram chegar a casa antes de o sol se pôr.
As tardes (mais) livres sabem bem porque habitualmente as tardes não são livres. Se todas as tardes fossem livres, agora não dava valor às tardes livres.
A janela está aberta ao sol. Abri-a porque assim a tarde parece-me mais livre.
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