Hoje de manhã fui a Espinho, uma cidade bonita, geométrica e com mar ao fundo. Enquanto conduzia, iam-me surgindo ideias. Umas iam ficando nas bermas da estrada, outras foram saborosas, ainda que simples, enquanto duraram. Matéria para um post - pensava eu. E já não sei a que propósito, pensei nas minhas viagens a Londres que deixei de fazer com a pandemia.
Quando chegava à estação de comboio e via a minha filha e a minha neta à minha espera, era como se chegasse a uma casa que não era a minha, mas que era como se fosse a minha casa. Daí a umas horas, já tinha tomado nota de coisas a comprar para cozinhar. Para uma tuga como eu, era quase impossível ter só uma ou duas batatas ou apenas uma ou duas cebolas. E logo eu: filha, vou ao supermercado. E lá vinha eu carregadinha, a pé, é claro, porque a facilidade dos transportes dispensa-lhes o carro, com batatas, cebolas, alhos, mais fruta, etc.
E quando me apanhava sozinha em casa - na época, não havia teletrabalho e a Clarinha ia para a escolinha cedo - punha-me a arrumar prateleiras e gavetas. Quando contava isto às minhas amigas, diziam-me: fazes isso porque ela é tua filha, se fosse nora, não fazias.
E às 15.30, lá estava eu diante da porta alta e resistente da escola primária. Estivesse sol ou a chover, esperávamos todos cá fora pela hora certa em que o portão se abria para irmos buscar as nossas crianças. Mais todas do que todos. De cores de pele diferentes, umas com o cabelo descoberto, muitas com ele escondido nos lenços que os prendiam. E, em breve, estava eu junto da sala, a espreitar para ver a minha boneca, já que os meninos esperavam que a professora, à porta, os chamasse. E lá vinha ela a correr até mim, porque aos 4/5 anos, raramente se caminha e quase sempre se corre.
E assim cheguei às ruas geométricas de Espinho com as suas obras que nunca mais acabam e afixam placas com imensos desvios. Para além da maresia, há bons espaços com cheiro a boa maré de livros: uma Bertrand com muita luz e simpatia; uma biblioteca onde queria ter ido hoje, mas não fui. Faltou-me tempo. Como faltavam as batatas e as cebolas em Londres, sem faltar a vontade de lá voltar.
Há-de voltar, Maria. E ir à escolinha buscar a neta; e ao super comprar o que lhe aprouver; e chegar no comboio tendo filha e neta a esperá-la (tão bom). E depois dá belos passeios por Londres e mata saudades. Os ingleses já estão aí. Por que razão não hão-de os portugueses ir até lá?!
ResponderEliminarE deu um post.
Tive a sorte de, ao longo da minha vida, ter podido fazer algumas viagens. No entanto, agora prefiro as proximidades, mas neste caso é diferente, embora continue a haver constrangimentos e, sobretudo, não querer contribuir para eles.
ResponderEliminarUm abraço, Bea.
Como não te vi, andando pela minha terra?!!!
ResponderEliminarVieste de barco? De avião?
Com tanta obra na rua, a cidade está um caos.
Os U2 falam de uma cidade "where the streets have no name".
https://youtu.be/1iFwg-VXTxQ
Espinho continua a ser a cidade "where the streets have or are known by numbers". Há, contudo, de momento, um problema: "there are no streets to move on".
Rsrsrsrsrs!!!
Bom fim de semana.
Beijinho.
Realmente Espinho é mesmo um bico de obra devido a tantas obras. É desvio em tudo que é rua. E o estacionamento também é complicado, para além de caro.
ResponderEliminarPara quem lá vive não deve ser fácil e o pó anda sempre no ar.
Mas, convenhamos, Espinho é uma cidade muito bonita. Vai ficar ainda melhor? Esperemos que sim, mas que seja mais rápido!
Um abraço, Vítor.
Nunca fui a Espinho...mas gostei do post!
ResponderEliminar