Manteria a tradição da família.
Enquanto a panela fervia ao lume, com as batatas, o bacalhau e as hortaliças, pôs a mesa, como costumava fazer em dias festivos. A toalha escolhida condizia com os pratos. Depois da mesa posta, tudo parecia mais orientado e organizado.
Havia, naturalmente, poucos doces, mas o bolo-rei continuava rei ao lado dos copinhos verdes de vinho do Porto. Só neles a doçura daquele néctar lhe sabia bem.
Usou também os talheres do faqueiro só aberto em ocasiões especiais, como é uma noite de consoada. Confirmou que estavam no lugar certo. Enrolou depois os guardanapos vermelhos de pano e juntou-lhes algumas folhinhas verdes de tangerinas que tinha apanhado logo de manhã.
Do fogão, exalavam odores que só sentia nas noites de Natal e Ano Novo. E não demorou muito que, no meio da mesa,
da travessa voasse, dançando, um vapor saboroso e quente de cozedura no ponto de ser saboreada.
Já podia ligar o skype.
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