Gosto de caminhar nas ruas de West Hampstead, perto do centro de Londres. É uma zona bonita e sossegada. Veem-se muitas pessoas jovens a empurrar carrinhos de bebés, e, muitas vezes, com outras crianças pela mão; alguns velhos a passear com o cão, dizendo, com um sorriso amigável, que o companheiro de quatro patas também o é; nas esplanadas, desfruta-se da conversa ao ar livre em zona residencial e cosmopolita.
Ora, também como em qualquer lugar, existem seres humanos que se destacam, por exemplo, pela indumentária quando passam nas ruas, onde proliferam, como em qualquer cidade europeia, as calças de ganga e as sapatilhas.
Um dia, junto de um supermercado local e com mais lojas nas proximidades, vi passar uma senhora de uns oitenta anos e com um fato amarelo-canário. Imaginei o seu guarda-fatos com roupas antigas que nunca deixara de usar e que vestia quando saía de casa, nem que fosse só para dar uma voltinha a pé.
A saia era larga, comprida e com pregas; o casaco tinha ombreiras muito mais largas do que os seus ombros magros, lembrando a moda que há muitos anos deixou de ser moda.
A saia era larga, comprida e com pregas; o casaco tinha ombreiras muito mais largas do que os seus ombros magros, lembrando a moda que há muitos anos deixou de ser moda.
Sentei-me num banco e fiquei a olhar a senhora do fato amarelo. Até ser apenas um pontinho ao longe. Andava devagar, talvez como o tempo que vivia e cujas cores não queria perder. E que guardava no solitário guarda-fatos das memórias.
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